sábado, 24 de março de 2012

JORNALISTA E ESCRITOR ACREANO - ELSON MARTINS - FERVOROSO FÃ DE JUVENAL ANTUNES.

UMA RESENHA DE ELSON MARTINS EM 2008
JUVENAL ANTUNES NUM DS SEUS PASSEIOS PELO RN EM 1937, "APORTANDO" NA LINDA PRAIA DE MURIÚ.

MARTINS, Elson. Poesia machucada. Disponível em: http://www2.uol.com.br/pagina20/26082007/almanacre.htm.Acessado em: 14/jul.2008.



POESIA MACHUCADA

Pequeno, magro e feio. O promotor e poeta Juvenal Antunes já nem se incomodava do perfil que lhe traçavam os que não conheciam sua alma.
De fato, o corpo desajeitado abrigava enorme inteligência e poesias que lhe faziam levitar. Mas somente Laura, musa e eterna amante, o tinha como príncipe encantado.
O poeta nasceu no dia 29 de abril de 1883 no engenho Outeiro, próximo à vila Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. Faleceu em 1941, a bordo de um navio que chegava a Manaus, no dia em que completava 58 anos de vida. Era filho do tenente coronel José Antunes de Oliveira e tinha três irmãos: Maria Madalena (escritora), Ezequiel (médico do Exército) e Etelvina Antunes (poetisa).
A sobrinha-neta Lúcia Helena Pereira (62), que vive em Natal, tornou-se sua biógrafa. Ela foi descoberta para o Acre pela novelista Glória Perez, que pesquisou para obter informações sobre o “poeta inolvidável” da minissérie Amazônia. Já está no prelo uma segunda edição revista e ampliada, do livro em que Lúcia Helena narra sobre a vida, as obras, o grande amor (Laura) e a morte de Juvenal.
Tenho conversado com a escritora via Internet. Ela gostaria que o governo acreano assumisse a edição e lançamento da biografia de Juvenal Antunes. Afinal, ele produziu o melhor de sua poesia em Rio Branco na década de trinta.
Embora tenha lançado apenas dois livros: “Cismas” (em 1909) e “Acreanas” (1922), o poeta deixou obra densa, grande parte em manuscritos enviados à irmã Madalena.
Recentemente, perguntei a Lúcia Helena como Juvenal teria reagido em vida, ao gesto do jovem Eyner José Andrade Almada Júnior, o Maromba Júnior, de 18 anos, que montou na estátua feita em sua homenagem, e em fevereiro publicou uma foto de proeza no Orkut, gerando polêmica que ainda está rolando, inclusive com a condenação do jornalista Altino Machado que publicou a bravata em seu blog:
Lúcia Helena respondeu:
- Ele amava tanto a juventude! Certamente o perdoaria.
Mas poderia também, penso eu, puxar a orelha do jovem “playboy” através de seus versos, como fez com um sobrinho que lhe escreveu uma carta de Ceará-Mirim (RN) cheia de erros e preconceitos, para “desacatar a inteligência do tio”
- como escreveu Lúcia Helena.
Na carta-poema resposta, escrita em 8 de julho de 1928, Juvenal diz em tom brincalhão:


Eu, Juiz, te trancaria na masmorra;
Que poeta, assim tão ruim, nas grades morra!
Violante da poesia, o santuário...
És um bandido, Abel, és um cicário!
És muitíssimo pior que o mais ladrão,
Mais bandido que o próprio Lampião!
Juvenal trocou as comodidades e prestígio do Solar dos Antunes em Ceará-Mirim, do qual chegou a ser herdeiro, pela vida boêmia no Acre. De certa forma, foi forçado a isso por um tio militar que considerava seu espírito anárquico e irreverente prejudicial à imagem da família em Natal. O militar o levou para Belém, mas de lá Juvenal escapou com a nomeação para o cargo de promotor de Sena Madureira. Em 1913, se transferiu para Rio Branco onde exerceu a função de secretário de Segurança Pública. E finalmente, permaneceu como promotor pago por exercícios findos, poeta e boêmio hóspede do Hotel Madrid, no segundo distrito.
A sobrinha-neta Lúcia Helena que aguarda notícias do presidente da Fundação Cultural, Daniel Zen, sobre a edição e lançamento de seu livro em Rio Branco, mandou-me de presente essa foto rara do tio-avô famoso, feita em 1937 durante um passeio de Juvenal à praia de Muriú, no Rio Grande do Norte.

Um comentário:

  1. Soube de uma notícia que me deixou por demais agradecido: O Jornalista Antonio Stélio, que nem era dos mais famosos do Acre, comparado com Garibaldi Carneiro Brasil e Elson Martins teve a heróica coragem de fazer a Biografia do Poeta Juvenal Antunes. Era triste dizer que os maiores poetas do Acre vivem no Anonimato, por contas da falta de coragem dos escritores e Jornalistas do Acre não se dignificarem em eternizá-los... Antonio Pinto do Areal Souto, que faleceu em 1961 no Rio; José de Inojoza Varejão, que faleceu assassinado no Paraná em 1930; O grande Maestro Mozart Donizzeti, que pôs a letra, pela 2ª vez no Hino Acreano e que faleceu pobre e quase à míngua em Cruzeiro do Sul em 1932; Juvenal Antunes de Oliveira, que faleceu de tristeza(tal qual o Coronel José Ferreira Lima do Seringal Bagaço, em Rio Branco em 1921 por contas da desvalorização da Borracha)em Manaus em 1941; José Ferreira Sobrinho que faleceu também em Manaus em 1944, por causas não explicadas. Esses grandes heróis da Poesia Acreana estão com quase um século no Anonimato - PARABÉNS STÈLIO - Que Deus te dê tua saúde. Nazareno Lima

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