segunda-feira, 19 de março de 2012

VERDE: SEMPRE TE QUERO VERDE - DEDICADO, HOJE, AO PRESIDENTE DA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS: PEDRO SIMÕES NETO.

OITEIRO: MEMÓRIAS DE UMA SINHÁ-MOÇA
ENGENHO MUCURIPE
SOLAR GUAPORÉ
SOLAR ANTUNES

"CALEIDOSCÓPIO
Pedro Simões Neto

Nesta domingueira de sol e esperanças, atendo as observações de alguns amigos que se queixam da minha visão universal, confinada às lembranças cearamirinenses. Segundo um deles, é como se eu desprezasse a ampla visão a olho nu, que me traria o universo inteiro, para me limitar ao uso de uma luneta que só revelasse a terra dos verdes canaviais.
Cada terra tem suas palmeiras onde cantam os seus sabiás, mas as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá, como na poesia de Gonçalves Dias; ou, rebuscando o grande poeta d’além mar, o Tejo não é o mais formoso rio que ornamenta a terra patrícia, porque o Tejo não é o rio que corre por minha aldeia.
Assim explico a estreiteza da visão saudosista da minha amada Ceará-Mirim. Lá eu encontro a síntese do próprio universo, com todas as suas nuances e peculiaridades. Não localizo a Gare Saint Lazare, a torre inclinada de Piza, a beleza suspensa no ar dos Alpes Suiços, as monumentais construções de Dubai, nem as vastidões desérticas do Saara. Mas satisfaço-me com a velha estação ferroviária, com a metamorfose do Palácio Antunes, com o antigo prédio da Companhia de Força e Luz e os velhos casarões (urbanos e rurais) destruídos, à espera de um milagre que os faça renascer em todo o seu esplendor. Não temos geleiras, nem montanhas, mas a beleza plástica das dunas movediças, me levam a encantamentos inigualáveis. A expressão arquitetônica da Igreja de Nossa Senhora da Conceição não nos deixa órfãos da beleza nem da monumentalidade. Sou feliz, cosmopolita, com a alma cheia de alegria, com o tipo de paisagem que não é encontradiça em nenhuma outra parte do mundo: a harmonia, a policromia e a reinvenção de cores e luzes.
Há um mistério que circunda o “clima” da minha cidade. Indecifrável, inexplicável, único, que jamais ousarei estudar ou fazer, desse fenômeno, uma tese. Basta-me lançar os olhos pelo vale, banhar-me no oceano verde do canavial ou penetrar no azul mais doce do manto de Nossa Senhora, que é o céu de Ceará-Mirim.

Essas as minhas razões.

18/03/2012
Pedro Simões Neto"

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Aproveitando a peregrinação de Pedro Simões Neto, junto-me à sua grande viagem sentimental e telúrica, em meus versos ao vale verde apaixonante, em minha ode às únicas esmeraldas que jamais perderam suas nuanças!


VERDE, SEMPRE TE QUERO VERDE.
(AO CEARÁ-MIRIM)
Lúcia Helena Pereira

VERDE - sempre te quero verde
Vestido de esperança e dourado de sol
VERDE - sempre te quero verde
Brilhando na chuva e espreguiçando-se ao vento
VERDE - sempre te quero verde
Iluminado e festivo
Comemorando história e preservando lembranças.

VERDE - sempre te quero verde
Exibindo casarões, praças e ruas
Patrimônios de antigas nobrezas.

VERDE - sempre te quero verde
Impetuoso, destemido e alvissareiro
Na travessia dos séculos.

VERDE - sempre te quero verde
Na memória dos teus filhos ilustres
Uns distantes, outros próximos do coração.

VERDE - sempre te quero verde
Coberto pelo aroma fresco das matas
E banhado pelos rios serenos
Onde sussurram as sinfonias do tempo.

VERDE - sempre te quero verde
Embelezando-se no Oiteiro, Guaporé,
Santa Águeda, Verde - Nasce,
Mucuripe e Solar Antunes.

VERDE - sempre te quero verde
Na Usina São Francisco, Ilha Bela,
No Cumbe e no Diamante.

VERDE - sempre te quero verde
Nas águas misteriosas e perfumadas dos olheiros
No rio Água Azul e do rio Ceará-Mirim.
VERDE da casa - grande, onde corri meus passos de criança,
E bebi água de poço refletindo a minha vida!

VERDE - sempre te quero verde
Anunciando alegrias e acordando saudades
Nas águas límpidas de tantos rios poéticos.

VERDE de memoráveis figuras
José Antunes de Oliveira e Joana Soares
Madalena Antunes e Olympio Varella
Raimundo Pereira Pacheco e Olympia Pacheco
Juvenal Antunes de Oliveira, Ezequiel e Etelvina.

VERDE de Nilo de Oliveira Pereira.
Edgar Varela e Edgar Barbosa,
De Roberto Pereira Varela e Rui Pereira Júnior,
De Adele de Oliveira e dr. Abner de Brito.
VERDE de José Augusto Meira, Clóvis, Silvio,
De Gracilde Correia de Melo, Idalina Correira Pacheco

Ceará-Mirim dos meus pais:
Abel Antunes Pereira e Áurea Pacheco Pereira.
Dos meus tios de belas lembranças e ricas histórias:
Ruy Antunes Pereira e Odete,
Vicente Ignácio Pereira e Maria,
Antonieta Pereira Varella e Luís
E Joana D´Arc Pereira do Couto.

VERDE de Augusto Vaz Neto e Lurdéca
De Herbert Washington Dantas
De Manoel Varela do Nascimento e Bernarda.

Verde de Piô e Maroca, de Quincas e Lebre,
De Chiquinha e Bililiu,
Do compadre Joaquim Gomes,
De dona Biluca e Valdinha
Verde de Franklin Jorge.

VERDE - resplendente verde,
Do Major Onofre Soares, De Dr. Percílio Alves e dona Esmeralda
De Gibson Machado, Franklin Marinho, Agnelo Alves,
Esteferson Sandis e Márcia Ferreira, estudiosos do vale.
Ceará-Mirim que tem a sua Academia de Letras,
Pelas mãos cuidadosas do seu Dom Quixote do vale,
Dr. Pedro Simões Neto - ALELUIA!!!

A cidade verde, de canavial ondulante,
De oiticicas cheirosas, manacás, umburanas,
Palmeiras imperiais, acácias de muitas cores,
E da mais bela flor-verde: o brilho canavieiro.
Ceará-Mirim linda criança,
Descoberta em 1759 e através de alvará
Denominada como Boca da Mata,
Visitada e explorada
E foi em 1882 que a Lei 837 deu-lhe foros de cidade
E ela passou a chamar-se Vila de Ceará-Mirim.

Em julho de cada ano ela faz aniversário
E se engalana
para festejar
O seu verde alvissareiro e iluminado,
Brilhando nas asas dos araraús
Passeando pelo infinito com asas de melodias
Repercutidas nas sinfonias siderais,
E no inigualável som do poético dobre dos sinos
Da Matriz de N.Sra. da Conceição
Ecoando pelo vale!

Ceará - Mirim, sempre VERDE!
É assim que eu te quero
E quem quiser se incomode com a sinhá-moça
Do Oiteiro, que exaltou sua história,
E Nilo Pereira e Edgar Barbosa terem mimoseado
A linda e verdejante paisagem,
Que Pedro Simões e eu cantamos sempre e mais,
Lamentando, do fundo de nossas almas,
Aqueles que jamais tiveram o seu Rio de Água Azul,
Ou mesmo um canavial... orquestrando suas saudade!

Ceará-Mirim - o eterno som de uma cor de luz,
De um verde sempre vivo,
Do simbolismo rural, dos engenhos que morreram,
E de outros que ressuscitam
E o dobre dos sinos da Matriz iluminada
Cantam e exultam louvores à Senhora da Conceição!

Lúcia Helena Pereira

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COMENTÁRIO DO ADVOGADO, SENHOR DO ENGENHO PITUAÇU E ESCRITOR - EDUARDO GOMES DE CARVALHO.

"Cara Lúcia Helena:

Belíssimo é o seu poema sobre o Ceará-Mirim. Somente quem conhece e possui o valor das raízes familiares no solo amado é que consegue se expressar com os olhos do coração. Por isso seu poema é lindo, pois retrata, e resgata do infame esquecimento popular, aqueles que engrandeceram sua terra, seja pela hombridade moral, seja pela dedicação impoluta ao torrão de orígem.
Pena das terras que não mais possuem filhos com a capacidade de imortalizá-las. Pena dos filhos que não possuem terras com conteúdo a ser enaltecido.
Parabéns ao Ceará-Mirim e à sua poetisa, pois o amor está em ambos!

Forte abraço.

Eduardo Carvalho".

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COMENTÁRIO DE VIOLANTE PIMENTEL

"Lúcia Helena:

Você e Dr.Pedro Simões Neto uniram suas emoções, homenageando o Vale Verde do Ceará-Mirim e oferecendo-nos essas verdadeiras pérolas, que nos fazem sentir, até mesmo, o cheiro dessa terra abençoada. Parabéns aos dois grandes poetas.

Violante Pimentel"

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AO RESPONDER (ABAIXO) AS BELAS PALAVRAS DE EDUARDO GOMES DE CARVALHO, NÃO ME CONTROLEI E TRAGO A RESPOSTA DE UMA RESPOTA.

EDUARDO,

DEUS, MEU QUERIDO DEUS!
QUEM É VOCÊ? UMA AVE QUE SE PERDEU DO ETÉREO PARA POUSAR EM MEU VALE VERDE E QUERIDO?
VOCÊ É FEITO DE LUZ E POESIA, É O SUSSURRO DO VENTO FESTEJANDO A MOENDA! É A COR DO AMOR RELEMBRANDO O PASSADO! É O SOM DO RIACHO AO ANOITECER? É A ESTRELA PENDURADA NUMA NUVEM QUE SE ESGARÇA?
QUEM É VOCÊ, RICO ESCRITOR?
AGRADEÇO A DEUS POR EXISTIR QUEM SEJA TÃO NOBRE GUARDADOR DE BOAS LEMBRANÇAS!
TE AMO MEU POETA DO PITUAÇU! ISSO ESTAVA ESCRITO ESTAVA ESCRITO E VIOLANTE PIMENTEL FEZ A JUNÇÃO. QUANTO SOU AGRADECIDA!

L.HELENA

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"Querida Lúcia Helena:

Quanta honra para mim me ver retratado em um poema tão lindo como esse que você escreveu!
Quem dera tivesse tempo disponível para ficarmos constantemente nessa troca maravilhosa de sentimentos poéticos.
Na minha humilde opinião você se supera quando escreve de improviso, simplesmente respondendo a uma mera correspondência. A sua poesia flui de maneira impressionante e verdadeira. Coisa linda de se ver e de se ouvir.
Obrigado pelo poema, pois fiquei emocionado ao me ver retratado como um arauto no seu lindo vale. Grande honra e infinita responsabilidade para mim!

Grande abraço.

Eduardo Carvalho"

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