quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

FESTA NO CÉU - NESTE ALVORECER DE 01-03-2012, DOIS MESES DO ENCANTAMENTO DE RUYMA MANSUR PEREIRA.

RUYMA MANSUR PEREIRA

Dois meses do encantamento de Ruyma que faz a festa no céu.
Ela está arrodeada de anjos e santos, ao lado de Papai do Céu e N.Sra. da Conceição.
Seus familiares sentem sua falta e recordam-na com o eterno sorriso de alegria, com sua maneira simples de ser, acentuada com a marca da sua bondade e grande afeição por todos.

Deus a conserve nesse reino de luz e paz e que os seus filhos sejam felizes, assim como seus pais, sua tia-mãe, seus tios, sua irmã, seus primos e amigos.

A M É M!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

APENAS PIEDADE - POR LÚCIA HELENA PEREIRA.


APENAS PIEDADE
Lúcia Helena Pereira

Queria tanto que você amasse o amor.
Que pudesse arrefecer o ódio do seu coração
E até mimasse um pouco a inveja alheia
Cuidando dela e salvando as suas feridas!

Queria tanto que sentisse o perfume dos espinhos,
As rosas não existiriam sem eles,
Assim como os amigos na escuridão,
Tão carentes da luz acesa em nossas almas!

Queria tanto que você perdoasse o desamor,
Afinal só o sente quem nunca amou
Quem vive tão amargamente,
Sem sorrisos e sem estrelas nos olhos!

Queria tanto que não desprezasse o falso...
Ele é um ser solitário e infeliz.
Seja tolerante com o amargor dos insensatos,
Que tanto carecem do nosso louvor, para oprimir a dor!

Queria tanto que você parasse um pouco
E contemplasse uma flor parindo ao amanhecer,
Exalando seu olor, sua sutileza e abrindo - se,
Com pétalas rosadas - poder da criação DIVINA!

Queria tanto que você me desse um beijo,
Para que eu pudesse reparti - lo em mil,
E amar o amor, ajudar os descontentes,
Os que jamais conheceram - A PIEDADE!

Este poema, feito neste exato instante,
É só para dizer que a POESIA é o bafo de Deus
Soprando em nossas narinas...
Afinal, a poesia pode ser APENAS PIEDADE!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

DEU A LOUCA NO PAÍS - POR VALÉRIO MESQUITA.

VALÉRIO MESQUITA
DEU A LOUCA NO PAÍS
Valério Mesquita*


Hoje, o Brasil é um dos dez países mais violentos do mundo. Por que isso está acontecendo com tanta frequência e intensidade? Foi o aumento da população? Dos problemas sociais, urbanos e econômicos? A culpa é exclusivamente dos governos estaduais com suas respectivas polícias militar e civil? Resposta: negativa. Está claro que existem deficiências de pessoal, operacionais, de equipamentos e de melhores salários. Todavia, o cerne de toda a questão da escalada de assaltos, homicídios e outros crimes, é mais um caso de justiça do que de polícia.

De plano, para manter a linha de raciocínio - que é mais de um cidadão do que de um técnico em segurança – o problema provém da legislação penal brasileira que é fútil e ineficaz porque protege o bandido e esquece os direitos de reparação judicial da vítima. Esse procedimento que coroa a impunidade, incentiva ainda mais o crime. A legislação pode e deve ser modificada pelo Congresso Nacional com relação a responsabilidade penal do menor; é urgente expungir do atual código a tolerância hipócrita e pérfida dos que cometem crime e logo voltam às ruas para reprisar tudo após a soltura; ampliar o leque dos crimes hediondos, banindo o fóssil e falso “bom” comportamento e “ótimos antecedentes” para botar logo o individuo delituoso de volta a sociedade; abolir ou modificar a permissividade de responder o processo em liberdade, quando o ilícito penal está caracterizado, de forma insofismável.

A mania do povo, permanentemente, é culpar a polícia por tudo que acontece de ruim como se tivesse a capacidade da onipresença e onisciência. Virou rotina, cena burra, comum e inconsciente de culpar sempre a polícia nessas ocorrências. A solução é de ordem nacional. Da presidência da república, do senado, da câmara federal, dos tribunais superiores de justiça, dos partidos políticos que teimam estender aos homicidas, assaltantes e corruptos os privilégios e a suíte cinco estrelas dos direitos humanos. O policial é gente também. É humano, arrisca a vida e como tal não é um ser perfeito como se exige. Como toda instituição pública, a polícia não é infalível. Tem mistura de maus elementos, como nos governos, igrejas, parlamentos e, por ai vai. E digo mais, sou contra a polícia militar fazer greve. Se, constitucionalmente, é uma instituição auxiliar das Forças Armadas não pode ser diferente. Greve no Exército, Marinha, Aeronáutica e na Polícia é insurreição, levante, revolução contra a ordem pública e democrática. A polícia não pode ser culpada sozinha pela falência da segurança da sociedade. A coisa é mais em cima. Mora em Brasília. Cadê os juristas? O povo brasileiro, como dizia Nelson Rodrigues, “só se levanta para gritar gol”. Ou, então, para se queixar dos policiais com frequência muito mais do que dos delinquentes, bandidos e assassinos. Para combater esses bandos de chacais, endureçam a lei, suspendam a brandura dos amplificados direitos humanos, pois não merecem tratamento republicano e nobre quando ceifam e vandalizam vidas.

O sistema penitenciário brasileiro também carece de tratamento de choque. A população do país e o índice de criminalidade quintuplicaram nos últimos dez anos enquanto decresceu o número de estabelecimentos penais. As penitenciárias estaduais são uma vergonha. A segurança, a saúde e a educação do povo brasileiro são problemas políticos. Se fossem esportivos já teriam tido a sua copa.



(*) Escritor.
Mesquita.valerio@gmail.com

sábado, 25 de fevereiro de 2012

RELEMBRANDO BARTOLOMEU CORREIA DE MELO - POR PEDRO SIMÕES NETO - (O SANTO OFÍCIO 2010).


PEDRO SIMÕES NETO (*)
BARTOLOMEU CORREIA DE MELO


BARTOLOMEU CORREIA DE MELO (2-3)

POR O SANTO OFÍCIO | 27 JUNHO, 2010

Por Pedro Simões Neto*

A criação
Pintou de um verde luxuriante o vale lá-embaixo, chegando até a embriaguez e a um embaralho nos olhos, espantado com tanta beleza. Nem acreditou no que tinha feito.

Coloriu o céu de algo mui levemente fletido num verde muito esmaecido colhido do canavial e de todos os tons de azul que inventaram e pudessem ser – só assim conseguiu a cor do manto de Nossa Senhora, a homenagem que lhe fez. Depois de se embriagar de tanto azul no azul do céu, e mais azul não havia, ouviu Carlos Pena Filho:
Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas
Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas

Pôs o verde sobre o azulado, puxado mais para o verde cana, nas águas dos rios e dos mares que beijam a terra da imaculada conceição.

A alquimia fez e agrimensurou os solos mais variados – da piçarra da Jacoca e o arisco do Gravatá ao alagadiço do vale. Fez dois balneários de águas tão límpidas e transparentes que ele próprio não resistiu e se banhou e os denominou de Diamante e Jericó, este último, à lembrança da cidade bíblica das palmeiras, berço da redenção de Israel. Secou uma porção de terra alagada que rodeava uma coroa no meio da mata fechada e deu-lhe o sugestivo nome de Ilha Bela.

Deu a Jacoca o abacaxi mais doce; a farinha de mandioca de alvura e finura incomparáveis a Ponta do Mato; a laranja mais doce e sumosa a Comum e Primavera; o beiju e o grude mais gostosos a Aningas; a goma de mandioca e a tapioca mais caprichosas a Coqueiros; a Mineiro, deu o picado receitado por Geraldo Abdias; ensinou a Cicinha, a arte da feitura da cocada preta e da branca, preparada com o coco tirado do futuro sitio de Manoel Pereira, na divisa de Muriú com Maxaranguape.

Plantou umas canas de valia, a partir de “soca” divina, dando matéria prima para adoçar a boca dos nativos, mesmo os mais amargosos pela dura vida do eito – mel de furo e refinado, rapadura, açúcar mascavo (impropriamente dito “bruto”) e açúcar branco; cachaça (que ninguém é de ferro) e álcool.

Semeou umas frutinhas doce-azedinhas no tabuleiro dos ariscos praieiros e adjacentes, tais que chamou de camboim, guajiru e massaranduba. Fincou uns troncos de árvores rugosas que nem os rostos de velhos muito mais velhos e as chamou de mangaba. Fincou paus mais ou menos linheiros, de copas ramosas e os considerou cajueiros. E se divertiu queimando as “catotas” nos lajedos para fustigar os calangos, as cobras e a própria pele.

Compôs o mais lindo amanhecer, no meio do oceano vegetal do vale, e o mais belo e nostálgico por do sol, por trás das ondulações do morro do Patu.

Era forte a influência mediterrânea do mestre de obras da Virgem e ele esolveu fundar a cidade nas encostas de uma pequena serra, à falta de falésias. E também, para dar um quê de ascencionalidade ao plano diretor da sua arquitetura. Nada que se assemelhasse a segregação ou divisão de castas, a partir de maior ou menor altura, mas uma insinuação, uma metáfora que sugerisse o plano evolutivo do ser humano, sempre para o alto, na direção de Deus.

Mas, para evitar dúvidas e insinuações, arrumou uma compensação. Se o lá-em-cima fosse, de fato, a ascensão, o lá-embaixo era a sua inspiração. Não há recompensa maior para a subida, que olhar o vale verde se espreguiçando todo lindo e verdoso na aba da colina.

Deu margem ao “lá-em-cima” e o “lá-embaixo”, simplificando a topografia e a geografia da cidade. Na compreensão dos habitantes, que sempre se referiam ao lá-em-cima como uma peregrinação penosa e cansativa, vencer a subida era um prêmio, pela visão que oferecia ao peregrino, o lá-embaixo. E assim a metáfora era assimilada. Para se chegar ao céu, era preciso muito esforço e muito sacrifício, mas valia a pena.

Da parte urbana, só cuidou para que quando a cidade sucedesse à briosa vila em que a freguesia se tornaria, plantassem pés de fícus benjamim nuns canteiros no meio da rua. Sombra e facilidade para as idas e vindas. E também para a alegria da meninada, que se enfeitiçaria com o som das modinhas assopradas por seu Alegria, dono do Circo Alegria, na dobradiça das folhas do fícus

Deu-se então que num domingo em que estava embriagado com a sua própria criação, decidiu se superar. Deixou-se levar pela onipotência megalômana, voou em linha quase reta até um ponto do oceano em território do município e convocou aquele que viria a ser Dorian Gray, mestre desenhista e colorista das azuis e verdes cartografias, para sugerir-lhe a paisagística do litoral da freguesia.

Areias alvas, coqueiros, muitos coqueiros, lagoas, mar tépido e calmo – sugeriu o pintor. E uns parrachos de contraponto, anteparo de predadores e de marés bravias. Até mesmo uns salpicos de sargaço. Então, usando a sua paleta criou uma cor especial para o mar: nem azul nem verde, sem deixar de ser azul, nem deixar de ser verde – uma cor especial, particular apenas àquela parte do oceano.

Bartola não conseguiu distinguir a cor dada pelo grande artista de outras que conhecia. Na sua percepção aquele colorido era comum, encontradiço em outras praias do litoral nordeste do continente brasileiro.

O pintor ofendeu-se e foi direto ao ponto – o anjo, apesar de criatura angelical, não tinha a retina, nem a íris do artista plástico, era uma espécie daltônica, porque havia consumido a sua percepção visual na embriaguez contemplativa da sua própria criação. Nesse ponto tornou-se grave e contundente – não usava a alma como guia. Até concedia que ele “sentia” com a alma, pois era poeta e imaginoso. Mas não via através desse filtro.

O artista, que “via” com a alma, lembrou Van Gogh quando disse que tudo estava na natureza, o artista apenas emprestava a sua alma. Ainda assegurou ao anjo que no futuro, os que amassem aquele mar, aquela nesga de céu, da praia, do sol luxuriantemente, delirantemente amarelo, iriam perceber essa diferença. A perspectiva do tempo das memórias faria a diferença.
Sem se dar por convencido, o fundador da cidade concedeu, no entanto, o benefício da dúvida, pelas credenciais do pintor. Despediram-se sem atritos.

No dia seguinte, avaliou a criação. Ainda insatisfeito, mas no geral pacificado, pensou no passo seguinte.

Se não poderia criar o ser humano, já concebido por Deus, o recriaria. De resto, todas as coisas já tinham sido criadas, ele apenas as escolheu, dando o jeito pedido por Nossa Senhora.
Mas havia algo que ele podia esbanjar-se na invenção. O perfil dos habitantes daquela cidade.

À “sua” matriz humana deu de beber água do Diamante e Jericó e a batizou com a água salobra do Olheiro, juntando água e sal na mesma cerimônia. Mimou-a com garapa, água de coco, suco de manga e de caju. Deu-lhe de pouca a média estatura, tez variando do negro ao branco, passando pelo mameluco e o mulato. Pernas firmes de bom andador de subidas e descidas, alavanca para os atoleiros dos alagadiços, boas para o ofício recadeiro e aviador e sustentação para o dia inteiro no corte de cana.

Alma leve, de passarinho cantador e madrugador. Formiga e cigarra. De missa e canjerê. Esperançoso. Todo dono da chã da alegria, mas sem exageros pois a sua natureza era meio reservosa.

Deu-lhe um chapéu de palha meio sobre o atrevido, um pito feito de imburana, um banho de rio com direito a cangapé, uma rede na varanda, comida no bucho e saúde que dê pro gasto - taí um ser humano feliz! Melhora se tiver um passarinho cativo, uma criaçãozinha no quintal, um burrinho de carga e um galo madrugador. ´Magine se tiver um roçado numa terrinha pouca cedida pelo patrão - vixe Maria!

Fez barateado, quase a preço de liquidação, o ser que vai habitar essa terra. E de pouquinhos teréns. Muitos são os seus sonhares, que ficam guardadinhos debaixo da moleira, e somente o tempo pra se interter entre uma e outra baforada do cachimbo, no terreiro, depois da janta.

Deu-lhes uns olhos de ver o vale, o céu azul de dia e o cobertor negro bordado de estrelas à noite, para agasalhá-lo na falta de fé, na frieza do desanimoso. Vez em quando deixou que pintasse uma lua muito soberba, pra alumiar os namoros, as serestas e as prosas; o rio d´água azul, a praia de Muriú. Uma que outra dança, coisa pouca, mas mui alegre, animada pelo baticum dos atabaques e a cadência dos pés no chão.

Á noite, os corpos nus se esfregando em cima das esteiras de palha, no chão de barro batido, suor com suor, dois num só, cavaleiro e montaria, promessa de cria que o leito da miséria é fecundo.

Os ouvidos de escutar o apito do trem, a tirada da Asa Branca na buzina de Chico Horácio, o saxofone de Zé Gago, o violão de Misael, os sinos “…com timbre de enxada velha que se põe a dizer o amém das ave-marias”, o badalar do relógio do campanário, os pregões dos vendedores ambulantes, as arengas dos botadores d´água com os “roxinhos”, o latido e o miado dos animais sem dono ou vigias das casas e as vozes das beatas nas procissões.

Zé Lemos que restauraria com o pai, seu Justo, as estampas sacras do teto da igreja matriz, cantaria com voz Vicentina Celestiniana, a canção “Porta Aberta”. E Minhém pensaria que era “cover” de Bob Nelson: “Eu pego meu cavalo e jogo o laço…”, os olhos de chinês com terçol, o bigode maior que o de Bienvenido Granda, uma tragédia de desafinos e de troca-letras.

As ventas sempre acesas para o cheiro da bagaceira e do mel; o aroma acre provocado pela umidade da chuva engravidando a terra, em pleno parto das ervas e das flores baldias; a água de cheiro escapulida da carapinha das beiradeiras; o cheiro profuso e confuso do “quadro” do mercado e do pátio da feira – uma mistura de tudo, até de mijo e cocô de gente e de animais.

O visgo açucarado no céu da boca dos cortadores de cana, cambiteiros e operários dos engenhos, o colorau da galinha caipira, o leite de coco e o propriamente dito ralado, presente nas mesas de café, almoço e jantar, o gosto do pãozinho quente, saído da fornalha da padaria de João Neto, a manteiga derretida espirrando nos cantos da boca e nos dedos, as piabas fritas com farinha na banha de porco, o torresmo chiando na panela.

É nesse ponto que me vem Bartolomeu e se lembra da fala, do modo como essa criatura vai-se comunicar uns com os outros. E quer mais, que ela fale até em pensamento, dela pra ela mesmo, e como fosse telepatia, com os pareceiros.

Descartou a fala dos doutores, dos padres e dos políticos – até mesmo dos escritores, que mais fosse a que é aprendida nas escolas. Queria um falar deles, inventado na precisão e na distração. Uma que fosse usada nas conversas e nos escritos, uma coisa só, sem o atrapalho de dois modos diferentes de se comunicar na nossa linguagem brasileira. Que besteira: falar de um jeito e escrever de outro. Quem já viu presepada igual?

Apurou as oiças e consultou o vento, os animais, as aves, os barulhos das feiras, dos partidos de cana, dos engenhos, dos canjerês, dos rios, do mar, o falatório dos meninos e dos velhos, a língua afiada da raiva e do despeito e a melosidade dos ditos de amor. Cascavilhou as frases cuspidas e mal empregadas, os chorares e os sorrisos, os mandos, os desmandos, os suspiros e as cavilações. Tornou-se o pé-de-ouvido cativo de cada um dos nativos.

Deu no que deu.

(*) É professor de Direito aposentado, escritor, advogado e presidente da ACLA.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

RAUANA BATALHA DE ALBUQUERQUE SEMPRE EM CONTATO COMIGO. HOJE ELA ME MANDA A FOTO DA ESTÁTUA DE TIO JUVENAL, NA CALÇADA DA GALERIA JUVENAL ANTUNES.

RAUANA BATALHA E A ESTÁTUA DE TIO JUVENAL, EM RIO BRANCO/ACRE.
TIO JUVENAL, DIANTE DO HOTEL MADRI, EM 1920
ESTÁTUA DE TIO JUVENAL NA CALÇADA DA GALERIA JUVENAL ANTUNES, ONDE HAVIA, NA VERDADE, O PRÉDIO DO HOTEL MADRI, ONDE ELE VIVEU POR 28 LONGOS ANOS.
SINTO SEMPRE ESSE GRANDE SORTILÉGIO EM RECEBER NOTÍCIAS DE RAUANA BATALHA ALBUQUERQUE, FORMADA EM LETRAS PELA UFAC, CUJA MONOGRAFIA VERSOU SOBRE O GRANDE VATE CEARAMIRINENSE -
JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA, MEU TIO-AVÔ.
E ESSA JOVEM INTELIGENTE ESCOLHEU UM BELO TÍTULO PARA O SEU OBJETO DE ESTUDO E APRESENTAÇÃO NO REFERIDO CURSO:
"VEREDAS POÉTICAS DE JUVENAL ANTUNES".
A FOTO QUE RAUANA MANDOU-ME, PELO FACEBOOK, VEM COM UMA LEGENDA:
"NÃO TEM QUEM ME TIRE DAQUI" E ACHEI BEM OPORTUNA, PELA IRREVERÊNCIA COM QUE TIO JUVENAL VIVEU, EMBORA, SEM CONTESTAÇÃO, SEJA UM GRANDE NOME DA POESIA PARNASIANA.
SUA ESTÁTUA ENCONTRA-SE NA RUA EDUARDO ASMAR, NA GAMELEIRA, NA CALÇADA DA GALERIA JUVENAL ANTUNES (ANTIGO HOTEL MADRI), INAUGURADA DESDE 2006.

http://galeriadeartejuvenalantunes.blogspot.com/

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

TRÊS SONETOS DO TIO JUVENAL DEDICO-OS À MINHA PRIMA MARIA ALICE - LICINHA

JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA -
POETA E PATRONO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO ACRE, DO RN E DA ACLA -
EZEQUIEL ANTUNES DE OLIVEIRA -MÉDICO DO EXÉRCITO - E SUA ESPOSA ALICE SOARES ANTUNES - PAIS DO TIO JOSÉ ANTUNES DE OLIVEIRA, QUE ERA CASADO COM tia ELZA PELOIA ANTUNES DE OLIVEIRA.
DESSE CASAMENTO NASCEU A ÚNICA FILHA: MARIA ALICE ANTUNES SOARES DE CAMARGO (A MINHA LICINHA DOS TIOS JOSÉ E ELZA).

JUVENAL ANTUNES
AOS 24 ANOS!
(Ao mano Ezequiel Antunes)

Apesar de homem feito,
Não é só veneração o que sinto por ti...
É mais do que respeito,
Vejo ainda, como vi,
Em menino, no teu olhar doce e sagrado,
O mesmo manancial
De ternura e carinho, oh! velho ser amado!
Oh! seio maternal!
Ainda o meu coração procura-te o calor...
Sinto, como senti,
Em menino, este puro, este infinito amor.
Tenho um desgosto imenso
De ser grande e pesado,
Não poder mais ser carregado
Por teus braços, no céu dos teus braços suspenso!
Afagas um netinho,
Todo aquele carinho
É um roubo feito a mim, que ainda por ele anseio...
Talvez digam que é feio...
Seja! Confesso ter ciúme do teu olhar!
Se a morte me escutar,
Quando te vier buscar para a eterna viagem
E houver de arrebatar-me aos olhos tua imagem,
Faça, com que também te siga, te acompanhe,
Minha querida mãe!

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JUVENAL ANTUNES
AOS 32 ANOS!
(Ao mano Ezequiel Antunes)


Entre as do mundo fúteis criaturas,
Já vivi muito mais de onze mil dias;
E contando alegrias e amarguras,
Tive mais amarguras, que alegrias.

Engolfei-me em cismares e poesias,
Cantei, como poeta, as coisas puras,
Sem saber, coração, que recolhias
Desilusões passadas e futuras.

Hoje, cético estou. Bem tarde, embora,
Vejo só ter razão quem geme e chora,
E quanta idéia vã nos enfeitiça....

De orgulhos e vaidades me desprendo;
E, como um simples verme, vou vivendo
Na calma, na indolência, na preguiça!


Nota: Sonetos escritos no ACRE.

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Juvenal Antunes
Soneto a Ezequiel


(Ao meu irmão Ezequiel Antunes de Oliveira, no dia de sua partida para o Salvador - Ba, em Recife, 16 - 04 - 1900)


Às vezes quando assim me interno,
Num eterno cismar, eu me recordo,
Daquele adeus tão prolongado e terno
Quando de te eu despedi - me a bordo!

Partiste, caro irmão e de meus olhos,
Lágrimas quentes rolam em turbilhão,
Meu coração, nos íntimos refolhos,
Padece a dor dessa separação!

Foste para longe, para além - mar partiste,
De pranto encheste esse meu peito triste,
Sempre ferido pela infelicidade!

Já declina o sol em intensa agonia
Morria o dia quando partiste, na sombria
Hora que nos impele à saudade.

Post - escriptum: Neste soneto singelo, mano querido, o meu coração pontilhado de estrelas pequeninas! J.A.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

UMA MARCHINHA DE CARNAVAL COMPOSTA POR TIO JUVENAL, NO FINAL DO ANO QUE ANTECEDEU SUA MORTE.

JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA
PROMOTOR DE JUSTIÇA, POETA E BOÊMIO
(FOTO DE 1920 - RIO BRANCO/ACRE)
SOBRE A MARCHINHA DE CARNAVAL COMPOSTA POR TIO JUVENAL JÁ BEM DOENTE, NO FINAL DA DÉCADA DE 30, EM RIO BRANCO/ACRE.

Sem querer ser um fardo aos amigos, Juvenal Antunes lutava contra a sua enfermidade, mas, sem dispensar o bom humor. Foi o que aconteceu, após outros desmaios, em dias consecutivos, quando, num dos últimos, já recobrando os sentidos, Antônio Kalume (para animá - lo) começou a falar no carnaval que se aproximava. Juvenal estava pálido e suado. Comeu alguma coisa pelas mãos da bondosa dona do Hotel Madrid. Depois sentou - se numa cadeira de balanço e olhando para os velhos companheiros, pediu - lhes, em tom zombeteiro, que anotassem a letrinha de uma marchinha carnavalesca :“vão se anotando amigos, antes que a inspiração comece a sumir como a minha vida”..
Minutos depois estava pronta a letra da marcha: “Vou pular com o pé na cova”, musicada por Dedé dos Reis, para o bloco de Chico Garcia, em plena cidade de Rio Branco, no Acre que ele tanto amava.
A letra da "marchinha", diga-se, quase não teria fim, não fosse Antonio Pelajo que o interpelasse: "Juvenal...quantas estrofes finalmente terá a marcha"???


VOU PULAR COM O PÉ NA COVA
Juvenal Antunes
Rio Branco - Acre - dez. 1940

Saiba esse Acre amado,
Terra do meu coração
Da minha eterna louvação
E encantador exílio,
Que já estou com o pé na cova
Mesmo assim não entrego os pontos.

Quero pular, frevar, cantar,
Até o sol raiar e os galos cantarem.
Quero a bela madrugada, a madrugada,
Pra apertar os peitinhos das meninas
Do bordel de Creuza, Creuzinha! (BIS)

A vida é boa, o mundo é lindo,
Vivam os amigos, os bons vinhos e os amores,
Coisas que nos alegram e fazem festejar
Os momentos fugazes deste carnaval.

Lá vem o bloco dos “mariquinhas”
Com suas plumas e trejeitinhos.
Deixe - o passar, passar, passar.
É gente boa, inofensiva, inocente,
Que a vida inventou pra não ser tudo igual!

Quero pular, frevar, cantar
Até o sol raiar e os galos cantarem.
Quero a bela madrugada, a madrugada,
Pr´apertar os peitinhos das meninas
Do bordel de Creuza, Creuzinha! (BIS)

Mesmo com o pé na cova
Vou me vestir de pierrôt
E nesse carnaval me embriagar
Dizer ao velho Acre - terra boa,
Que aqui cheguei e fiz misérias!

Vamos sacudir a poeira e tocar as cornetas
Acordar o Delegado para cair no frevo.
Dizer ao Sandoval que ele é muito chato
Pois fica apelando sempre pelo “habbeas corpus”
Do cunhado Elviro Ferreira!

Quero pular, frevar, cantar,
Até o sol raiar e os galos cantarem.
Quero a bela madrugada, a madrugada,
Pr´apertar os peitinhos das meninas
Do bordel de Creuza, Creuzinha! (BIS)

E se eu não puder sambar
Pensarei em minha Laura
E na grata esperança
De breve tê - la em meus braços
E morrer de amor!

Vamos parar com essas baboseiras
Porque estou com o pé na cova
Vendo a hora um vento forte
Empurrar - me de uma vez
E cadê o Juvenal?
Era besta e se acabou!

Quero pular, frevar, cantar,
Até o sol raiar e os galos cantarem
Quero a bela madrugada, a madrugada,
Pr´apertar os peitinhos das meninas
Do bordel de Creuza, Creuzinha”!

Fim.

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Em cartas à sua mana -Madalena Antunes - os amigos de Juvenal contaram que a marcha de carnaval fez grande sucesso e que dona CREUZA, (a dona do bordel), sentindo-se homenageada pelo poeta passou a frequentar as missas domingueiras em favor da sua recuperação. Quando lhe comunicaram a boa ação, Juvenal mandou - lhe uma carta em versos corridos e sem rimas:

“Digníssima dona Creuza.


Ser decantada em pleno carnaval
Foi, ainda, uma homenagem pobre
Pela excelsa figura que a senhora representa
Para esta cidade e o seu povo admirável.

Creio que as palavras, um tanto jocosas,
Usadas no estribilho da marchinha
Não fazem jus à beleza de suas meninas.

Agradeço, comovido e mais animado,
Os seus sacrifícios nas idas à Igreja
Em benefício deste pobre vivente,
Enfrentando os severos olhares
Das madames e carochinhas.

Disse-me o Delegado Rochinha,
Que a senhora até se confessou
Mostrando os olhos lacrimejantes.
E que, uma certa senhora,
Muita pedante desdenhou - lhe a presença.

Não se preocupe com isso, afinal,
Deus está para todos, creia,
E no céu, a senhora já tem o seu lugar garantido
Por ter contribuído com o sexo masculino
Favorecendo - lhe com suas belas pombinhas
Mal saídas dos ninhos!

Agradeço as suas preces
Que, certamente, serão atendidas.
Agora, vou caminhar um pouco,
Visitar velhos amigos.
Agradecido e honrado,
Seu amigo, Juvenal”!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

RELATO SOBRE O TÚMULO DE EMMA THOMPSON NO ENGENHO VERDE NASCE EM CEARÁ-MIRIM. POR GIBSON MACHADO.

O TÚMULO DE EMMA THOMPSON

"Minha filha Ana Lourdes (5 anos) vem pedindo para conhecer o túmulo de Emma há vários dias. Ela se interessou pela história da inglesinha depois de uma pesquisa feita para escola onde estuda (SECAT).

Pois bem, entreguei o material para que pesquisasse e fizesse as devidas anotações (Ana lê e escreve) sobre a lenda/história de Marcelo Barroca e Emma Thompson e desde aquele dia, ela vem cobrando a visita ao tão famoso túmulo.

Fiz questão de chegar ao local exatamente a tardinha quando o sol inicia sua saída crepuscular. Queria que Ana percebesse o que os enamorados presenciavam e sentiam quando se deslocavam para a colina todas as tardes. Ela estava encantada por aquela aventura no alto do oiteiro do Verde Nasce...certamente, uma experiência marcante em sua vida!

Eis a história da inglesa Emma:

Marcello Olympio de Oliveira Barroca era filho de Victor José de Castro Barroca (*) e nasceu em Ceará-Mirim no dia 16 de janeiro de 1856 e faleceu em São Gonçalo do Amarante.
Estudou na Inglaterra e lá conheceu a inglesa Emma Thompson nascida em 30 de novembro de 1854. Emma casou-se com Marcello e veio morar no Brasil, precisamente em Ceará-Mirim, no Engenho Verde Nasce.
Em 1880 Emma fica grávida de uma menina e, no dia 07 de fevereiro de 1881, quando está para dar à luz de sua filha, o parto complica e ela vem a falecer.
Marcello manda sepultá-la no ponto mais alto de uma colina na propriedade do engenho Verde Nasce, um lugar especial onde o jovem casal ia todas as tardes apreciar o pôr-do-sol que desaparecia à sombra do canavial. Tal atitude se deu porque a igreja não permitiu que sua esposa fosse sepultada no cemitério da cidade, uma vez que ela era de religião anglicana.
Seu túmulo foi mandado construir com proteção de grade de ferro vindas da Inglaterra e sua lápide foi confeccionada em Mármore de Carrara e trazia inscrito: “Sacred to the memory Emma - the beloved wife -Marcello Barroca. Born November 30 th 1854. Died February 7 th 1881”.
O casal teve uma filha que se chamou Emma Barroca em homenagem à mãe. Quando Emma completou 17 anos, em 03 de dezembro de 1898, casou-se com seu tio (viúvo) Apolônio Victor de Oliveira Barroca. Desse casamento nasceram 04 filhos, deixando descendência: Maria do Carmo de Oliveira Barroca; Jayme de Oliveira Barroca; Clarice de Oliveira Barroca e Maria de Oliveira Barroca.
Muito tempo depois, quando o Verde Nasce já não pertencia mais a família, começaram a surgiu histórias sobre as jóias que teriam sido enterradas com a jovem Emma e, também, começaram a surgir causos de assombrações em que a inglesa aparecia pedindo para que recuperassem aquele tesouro.
Ninguém sabe ao certo se a história procede ou se apenas são causos do imaginário popular. O certo é que o túmulo foi violado e, atualmente, restam os escombros do antigo jazigo. As grades de ferro e a lápide de mármore estão guardadas com os atuais proprietários do engenho.
O diretor da Fundação Nilo Pereira Waldeck Araújo tentou fazer a restauração do túmulo, no entanto, a proprietária do engenho solicitou que ele se retirasse do local e que ela não autorizava tal ação.
É lamentável um caso como esse porque todos esses anos a velha ruína ficou em total abandono, exposta às intempéries do tempo. Esperamos que os proprietários do Verde Nasce, principalmente àqueles da área onde está localizado o túmulo, tenham um projeto que o salve da total destruição, afinal, é um monumento que faz parte da historia daquela região e precisa ser urgentemente restaurado, quem sabe, com isso, a inglesa possa descansar em paz (e nós também!!). Deve haver uma forma de salvá-lo do total desmoronamento, seria interessante que o poder público o transformasse em patrimônio municipal".


(*) Avô de Nilo Pereira

Foto do túmulo de Emma e texto: Gibson Machado
http:gibsonmachadocm.blogspot.com

Foto do Verde Nasce: www.anpuhpi.org.br/congresso/anais/arquivos/ana_cristina.pdf

sábado, 11 de fevereiro de 2012

SEU MANOEL DO GELÉIA - POR GIBSON MACHADO POSTADO EM 26-01-2012.

PÁGINA DA SENSIBILIDADE DE UM MEMORIALISTA CEARAMIRINENSE CHAMADO GIBSON BARBOSA.

SEU MANOEL DA GELÉIA

Hoje ao entardecer, caminhava pela Rua Dr. Meire e Sá, quando encontrei com seu Manoel do geléia, pedi para que ele me desse um dedinho de prosa, pois tinha intenção de entrevista-lo para meus arquivos de memória da gente de Ceará-Mirim. Marcamos o dia da entrevista e eu lembrei que tinha apresentado o famoso doceiro, ao jornalista Sergio Villar, quando da entrevista para a Revista Preá, nº 20 – outubro/novembro de 2008.

Segue a publicação da Preá- nº 20 – pg. 61.

GELÉIA NA CABEÇA E DISPOSIÇÃO NOS PÉS

Andar três horas ininterruptas é cansativo. Com uma espécie de tabuleiro repleto de doce em cima da cabeça, a situação piora. E quando se é idoso, só mesmo com disposição e saúde. Essa rotina se repete durante 55 anos. Foi vendendo geléia de côco que Manoel Pereira dos Santos, 73, construiu e sustenta a família de seis filhos.

Antes o doceiro trabalhava no roçado. “Era mais leve”. Hoje, já durante a manhã ele raspa o côco na vasilha junto com o açúcar. O segredo para dar “o ponto” ele afirma ser a pedra úmida – uma espécie de pedra de sal. O côco na verdade, é o “carro-chefe” da produção totalmente artesanal. Mas Manoel Pereira diz que basta ter a fruta que ele faz o doce.

Às 14h ele parte com o tabuleiro na cabeça. Mais da metade é de côco. O resto dos sabores varia: goiaba, maracujá, mamão. Nem sempre o tabuleiro volta vazio. O doceiro reclama que a geléia já foi mais aceita, sobretudo nas feiras. Uma época mais doce, talvez. Mas seu Manoel não pretende parar. “Enquanto tiver em pé vou estar na rua vendendo geléia”.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

NESTA DÉCADA, VISITEI A EXPOSIÇÃO DO ACERVO DO DR. LOURIVAL BEZERRA, DE SAUDOSA MEMÓRIA E ESCREVI A RESENHA ABAIXO PUBLICADA NUM JORNAL. EI - LA!


HOMENAGEM A DR. LOURUVAL BEZERA
Lúcia Helena Pereira


Estive na abertura da exposição - “Memórias Fotográficas” - do Dr. Lourival Bezerra, pela passagem do seu 80º aniversário de nascimento. Vi, em tudo, um culto de amor, de fidelidade ao passado e de homenagem a um homem que se fez história, não só de ontem, mas para todas as gerações.
Foi com rica emoção que observei todo o preciso acervo deixado por ele e, meticulosamente guardado e catalogado pela amorosa filha, tal uma jardineira cuidadosa abrindo o seu jardim secreto, como oferendas a um altar. O altar da homenagem filial.
A devoção está em cada objeto exposto, em cada documento, mostrando toda a grandeza de um homem que se fez digno pelo seu caráter, pelos gestos de sua própria e inconsútil humanidade, pela bela trajetória de vida que Zelma Bezerra traz a público, com tanta satisfação.
Isso porque, trazendo para Natal e o Rio Grande do Norte tão vasto e consistente material, ela não estará apenas enaltecendo, mas permitindo-nos compartilhar de tão significativa memória. Memória alta, nobre, ao mesmo tempo humana e doce, como um símbolo, um brasão de honra a quem lhe orientou pelos caminhos da vida; a quem lhe incentivou a preservar o culto à família - a maior glória de todos nós - dando-lhe os roteiros para a valorização de tudo quanto possa enobrecer e elevar a criatura humana que lhe deu o rumo certo, a rota a seguir, a escada de equilíbrio, o sentimento de humanidade que alumbra os seus olhos.
É madrugada neste 23 de maio, uma quinta-feira que prenuncia o final de semana. Escrevi quatro longas cartas e esta sincera e comovida apreciação (como sempre costumo fazer diante dos “quadros” que me emocionam e fascinam). Penso em seu pai que se orgulharia da filha inteligente, mas ele está no céu, junto com as estrelas, recebido que foi pelos anjos, e agora, cantando louvores ao Supremo!
Resumindo a expressiva impressão que me ficou desse arquétipo de ser humano moral, social, político e familiar de Lourival Bezerra, somente Nilo Pereira para encerrar esta minha singela apreciação. Nilo, que se tivesse visitado a exposição teria escrito uma crônica absolutamente maravilhosa, em “notas avulsas” no Jornal do Comércio, Recife/PE. Por isso, recorro ao seu pensamento lapidar, quando disse: “Que se pode dizer de um homem? Ele é a síntese da humanidade. E nele estão todos os séculos. Por isso a história é o seu juízo. Impossível esquecê-la na interpretação da vida. Que diriam os homens de todos os tempos do homem de hoje? Talvez, o mesmo que dizemos deles. O julgamento histórico muda o tempo e o espaço, mas não muda a essência humana.”
Bem haja! Bem haja a esta filha dadivosa, a filha de Lourival Bezerra, que dela mereceu tão elevada honraria e do público que esteve na Capitania das Artes, naqueles dias, minha mais inconteste admiração.

Parabéns!

Lúcia Helena Pereira

AROMAS DA GRATIDÃO - POEMA DE LÚCIA HELENA PEREIRA.


AROMAS DA GRATIDÃO

Lúcia Helena Pereira


A minha gratidão tem um cheiro bem místico,
Cheirinho de pitanga, hortelã, cravo e canela,
Tem cheiro de amor, coração aberto, pleno, puro!

Os aromas da minha gratidão são muitos:
Mistura de rosas campestres, bambus, cactus
E flores de maracujá.

Sinto os aromas da gratidão,
E sua forma também:
Ora parece uma lua,
Ora tem formato de estrela,
Mas na verdade ela é, um lindo mar de opalina!

Os aromas da gratidão vêm de Nosso Senhor,
Cheiro de coração bom e misericordioso
Cheiro daquele olhar puro e tão leve,
Um cheirinho de mão que salva!

Mas a gratidão verdadeira tem cheiro de luz,
Luz que vem dos jasmins!

Os aromas da gratidão possuem nomes bem diversos:
Caridade, humanidade, solidariedade e amor!
Palavras e gestos que se eternizam,
Na hora de se salvar um irmão,
Esses sim, na verdade, são aromas verdadeiros.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

ENÉLIO LIMA PETROVICH - MISSA DE 30° DIA, ÀS 17: HORAS.


A ACLA INFORMA:

MISSA DE 30° DIA EM SUFRÁGIO DA ALMA DO SEU NOBRE SÓCIO BENEMÉRITO - ENÉLIO LIMA PETROVICH.

DATA: 06-02-2012 (HOJE)
HORA: 17: H
LOCAL: CONVENTO SANTO ANTÔNIO (IGREJA DO GALO) NA CIDADE ALTA.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

UM POEMA PARA ESTE DOMINGO - LÚCIA HELENA PEREIRA.


BRINCANDO COM AS PALAVRAS
Lúcia Helena Pereira

Quero brincar com as palavras dos seus versos úmidos
E escorregar numa gangorra de lírios e flores.
Brincar com todas as exclamações escravas
E rimas livres do recôncavo melhor de um poema!

Quero saltitar entre dunas de sonhos
E gigantes de realidades bem azuis.
Aterrissar num lindo arrebol, iluminado,
Sem poeira e sem saudades...

Quero brincar com a sinfonia dos seus versos
Numa nota bem alta, aguda, estridente...
De sensações loucas, alucinadas,
Vazando de minha essencial melodia.

Quero, apenas, simplesmente tocar
Em sua macia e inconsútil pluma de emoções.
Escrever uma palavra pequena e bordar
Em pena d´oiro, as flores dos teus versos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

GOSTO DE TROCAR FIGURINHAS COM ESSA ESCRITORA NOTÁVEL DA GRANDE NOVA CRUZ/RN - VIOLANTE PIMENTEL (OU ANA LIMA QUE VOLTA?).

PROCURADORA DE JUSTIÇA E ESCRITORA DAS BOAS,
SENTE-SE EMPOLGADA, EM PLENO VERANEIO NA PRAIA DE BARRA DE CUNHAÚ / RN, COM A LEITURA SOBRE UM DOS PATRONOS DA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES - ACLA - JUVENAL ANTUNES DE OLIVEIRA.

Violante Pimentel gosta de ler e escrever. É uma mulher extraordinariamente inteligente e culta, está constantemente
atualizada. E não abdica de um bom, endo, à sua cabeceira , grandes autores, os quais, de tão grande encantamento, enchem-lhe a alma de pensamentos que ela insere em seus próprios escritos, claro, aspeando-os. São relíquias dos escritores clássicos brasileiros e estrangeiros. Mas, diga-se, Violante é simplesmente neta da escritora e poetisa Ana Lima que deixou um lindo livro de poemas "Verbenas", que ela vai resgatar e editar. O livro encontra-se no acervo do IHG/Rn.
Desde que nos aproximamos temos trocado figurinhas o que, aliás, é um exercício maravilhoso.
Ontem ela mandou-me o email abaixo, após a leitora do "Inolvidável Boêmio" (Esmeraldo Siqueira), que aborda, unicamente, a inimitável figura do meu tio-avô, poeta Juvenal Antunes de Oliveira.

Vejamos suas impressões sobre o vate cearamirinense:

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"Querida Lúcia Helena,


Estou aqui folheando "Juvenal Antunes, o Inolvidável Boêmio", escrito por Esmeraldo Siqueira, em 1953. Sinto-me empolgada com o senso de humor que ele tinha, sua presença de espírito e a sua inteligência.
Seus autores preferidos, na literatura, foram Emile Zola, Gustavo Flaubert, Gui de Maupassant, Paul Bourget, Eça de Queroz Antero de Quental, Adolfo Caminha, Aluízio Azevedo, Raul Pompéia, Lima Barreto, Olavo Bilac e Raimundo Correia.
Era uma pessoa muito culta e com um senso de humor inigualável.

Estou rindo com essa passagem:

"De que me poderei queixar? Da vida? - Vou envelhecendo sorrindo, como sorri na Juventude. Por que não me casei? - Meu irmão Ezequiel casou-se duas vezes, uma por ele, outra por mim."

Gostei do prognóstico que ele fez para o meu tio-avô Nestor Lima :

"Liberdade! - Ilusão de muita gente!
Hás de casar um dia, certamente.
Como já não és moço, sendo velho,
Tua esposa será teu evangelho."

Realmente, tio Nestor casou-se já idoso, com Helena Cicco, sobrinha de Dr. Januário Cicco.

Um abraço.

Violante Pimentel"