sexta-feira, 30 de março de 2012

EMPOSSADO,ONTEM, SÓCIO EFETIVO DO IHG/RN, REPRESENTADO PELA FILHA, O NOSSO QUERIDO PEDRO SIMÕES NETO.

PEDRO SIMÕES NETO
ENTRE OS 17 EMPOSSADOS ONTEM, COMO SÓCIOS EFETIVOS DO IHG/RN, EM SOLENIDADE ALTA E NOBRE, O DR. PEDRO SIMÕES NETO, REPRESENTADO BRILHANTEMENTE POR SUA LINDA FILHA - MILENA CARRERA SIMÕES, AGORA, JUNTA-SE À PLÊIADE DA MAIS ANTIGA CASA DE MEMÓRIA E CULTURA DO RN.
PARABÉNS AO NOSSO QUERIDO PRESIDENTE DA ACLA - ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES - QUE BEM CONTA COM UMA GRANDE LEGIÃO DE AMIGOS E ADMIRADORES, POIS, EM PLENA SOLENIDADE, AO SER CHAMADO O SEU NOME, TODOS APLAUDIRAM FRENETICAMENTE E ARTHÚNIO MAUX EXPANDIU SUA EMOÇÃO EXPRESSANDO-SE EM VOZ ALTA:

"VIVAS A PEDRO SIMÕES"..

quinta-feira, 29 de março de 2012

O PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DO IHG/RN CONVIDA PARA A SOLENIDADE DE POSSE DE NOVOS SÓCIOS.

DR. JURANDYR NAVARRO

DR. JURANDYR NAVARRO - PRESIDENTE EM EXERÍCICIO DO IHG/RN


C O N V I T E


O Presidente do IHG/RN- Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Dr. Jurandyr Navarro, tem a honra de convidar V.Sa. e família, para a solenidade de posse de novos associados daquela instituição , os quais serão saudados pela confreira Anna Maria Cascudo Barreto:

Alcydes Villar de Queiroz - representado por Lúcia Helena Pereira
Ângelo Mário Dantas
Anísio Marinho Neto
Bruna Rafaela de Lima
Geraldo Batista de Araújo
João Medeiros Filho
Joaquim Crispiniano Neto
José Augusto da Costa Júnior
Lêda Marinho Varela da Costa
Maria de Lourdes Fernandes Nóbrega
Naide Gouveia
Nelson Patriota
Paulo de Tarso Correia de Melo
Pedro Simões Neto - representado pela filha: Milena Carrera Simões.
Rivaldo D´Oliveira
Ticiano Duarte


Data: 29-03-2012
Hora: 20h
Local: Instituto Histórico e Geográfico do RN,
Rua da Conceição - Cidade Alta - Vizinho à Antiga Catedral
Fone: (84) 3232 9728

domingo, 25 de março de 2012

BEM ANTES QUE A NOITE SE VÁ - POEMA DE 2007, SEM ENDEREÇO - AUTORIA DE LÚCIA HELENA PEREIRA


BEM ANTES QUE A NOITE SE VÁ
Lúcia Helena Pereira


Bem antes que a noite se vá
Terei bebido um vinho em taça lilás
Beijado meu amante, amado...
Andarei pelas terras de César Vallejo,
Conhecido e louvado mundialmente.

Bem antes que a noite se vá
Estarei escalando lugares místicos e míticos,
Observando pessoas com olhos repuxados,
Indumentárias coloridas, chapéus abanando - se ao vento,
Idioma feito de sinfonia musical!

Terei percorrido por mil caminhos e carinhos,
Com receios e recheios de altitude,
Vertiginosas paisagens, feitas por Deus,
Para o homem escalar
Provando a inconteste supremacia Divina

Bem antes que a noite se vá,
Terei subido e descido escadarias
Com minhas pernas cansadas
E meus olhos contemplativos se extasiarão
Com belas paisagens, histórias, belezas...

Terei sorrisos para colher uma flor,
Numa charneca solitária,
Capaz de agredir meus olhos, provocar emoções,
Nas cascatas luminosas, encharcando as minhas “íris”,
Envoltas, revoltas, soltas...chorando sonhos!

Bem antes que a noite se vá,
Galgarei três mil e quinhentos metros...
Sem medo nenhum,
Chegando em Machu Pichu - o grandalhão...
E me sentir pequenina!

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C O M E N T Á R I O S

Eduardo Antonio Gosson
Mar 25, 2012 03:57 AM
Prezada Lucia:

Belo poema para cantar a solidão andina, ao sul
da minha Pátria!


Palitot
Mar 25, 2012 06:55 AM
Digno da "ùnica Lúcia Helena"..Beijos

sábado, 24 de março de 2012

JORNALISTA E ESCRITOR ACREANO - ELSON MARTINS - FERVOROSO FÃ DE JUVENAL ANTUNES.

UMA RESENHA DE ELSON MARTINS EM 2008
JUVENAL ANTUNES NUM DS SEUS PASSEIOS PELO RN EM 1937, "APORTANDO" NA LINDA PRAIA DE MURIÚ.

MARTINS, Elson. Poesia machucada. Disponível em: http://www2.uol.com.br/pagina20/26082007/almanacre.htm.Acessado em: 14/jul.2008.



POESIA MACHUCADA

Pequeno, magro e feio. O promotor e poeta Juvenal Antunes já nem se incomodava do perfil que lhe traçavam os que não conheciam sua alma.
De fato, o corpo desajeitado abrigava enorme inteligência e poesias que lhe faziam levitar. Mas somente Laura, musa e eterna amante, o tinha como príncipe encantado.
O poeta nasceu no dia 29 de abril de 1883 no engenho Outeiro, próximo à vila Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. Faleceu em 1941, a bordo de um navio que chegava a Manaus, no dia em que completava 58 anos de vida. Era filho do tenente coronel José Antunes de Oliveira e tinha três irmãos: Maria Madalena (escritora), Ezequiel (médico do Exército) e Etelvina Antunes (poetisa).
A sobrinha-neta Lúcia Helena Pereira (62), que vive em Natal, tornou-se sua biógrafa. Ela foi descoberta para o Acre pela novelista Glória Perez, que pesquisou para obter informações sobre o “poeta inolvidável” da minissérie Amazônia. Já está no prelo uma segunda edição revista e ampliada, do livro em que Lúcia Helena narra sobre a vida, as obras, o grande amor (Laura) e a morte de Juvenal.
Tenho conversado com a escritora via Internet. Ela gostaria que o governo acreano assumisse a edição e lançamento da biografia de Juvenal Antunes. Afinal, ele produziu o melhor de sua poesia em Rio Branco na década de trinta.
Embora tenha lançado apenas dois livros: “Cismas” (em 1909) e “Acreanas” (1922), o poeta deixou obra densa, grande parte em manuscritos enviados à irmã Madalena.
Recentemente, perguntei a Lúcia Helena como Juvenal teria reagido em vida, ao gesto do jovem Eyner José Andrade Almada Júnior, o Maromba Júnior, de 18 anos, que montou na estátua feita em sua homenagem, e em fevereiro publicou uma foto de proeza no Orkut, gerando polêmica que ainda está rolando, inclusive com a condenação do jornalista Altino Machado que publicou a bravata em seu blog:
Lúcia Helena respondeu:
- Ele amava tanto a juventude! Certamente o perdoaria.
Mas poderia também, penso eu, puxar a orelha do jovem “playboy” através de seus versos, como fez com um sobrinho que lhe escreveu uma carta de Ceará-Mirim (RN) cheia de erros e preconceitos, para “desacatar a inteligência do tio”
- como escreveu Lúcia Helena.
Na carta-poema resposta, escrita em 8 de julho de 1928, Juvenal diz em tom brincalhão:


Eu, Juiz, te trancaria na masmorra;
Que poeta, assim tão ruim, nas grades morra!
Violante da poesia, o santuário...
És um bandido, Abel, és um cicário!
És muitíssimo pior que o mais ladrão,
Mais bandido que o próprio Lampião!
Juvenal trocou as comodidades e prestígio do Solar dos Antunes em Ceará-Mirim, do qual chegou a ser herdeiro, pela vida boêmia no Acre. De certa forma, foi forçado a isso por um tio militar que considerava seu espírito anárquico e irreverente prejudicial à imagem da família em Natal. O militar o levou para Belém, mas de lá Juvenal escapou com a nomeação para o cargo de promotor de Sena Madureira. Em 1913, se transferiu para Rio Branco onde exerceu a função de secretário de Segurança Pública. E finalmente, permaneceu como promotor pago por exercícios findos, poeta e boêmio hóspede do Hotel Madrid, no segundo distrito.
A sobrinha-neta Lúcia Helena que aguarda notícias do presidente da Fundação Cultural, Daniel Zen, sobre a edição e lançamento de seu livro em Rio Branco, mandou-me de presente essa foto rara do tio-avô famoso, feita em 1937 durante um passeio de Juvenal à praia de Muriú, no Rio Grande do Norte.

segunda-feira, 19 de março de 2012

"PARA A GRANDE AMIGA, POETA E INCENTIVADORA - LÚCIA HELENA PEREIRA" UM PRESENTE DO ESCRITOR MINEIRO ANTONIO DAYREL. .

LÚCIA HELEN A E MADALENA ANTUNES PEREIRA

Escola Muncipal Madalena Antunes Pereira
Ilustração Antônio Carlos Dayrell
(Casarão foi construído no final do século XIX)

VERDE: SEMPRE TE QUERO VERDE - DEDICADO, HOJE, AO PRESIDENTE DA ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS: PEDRO SIMÕES NETO.

OITEIRO: MEMÓRIAS DE UMA SINHÁ-MOÇA
ENGENHO MUCURIPE
SOLAR GUAPORÉ
SOLAR ANTUNES

"CALEIDOSCÓPIO
Pedro Simões Neto

Nesta domingueira de sol e esperanças, atendo as observações de alguns amigos que se queixam da minha visão universal, confinada às lembranças cearamirinenses. Segundo um deles, é como se eu desprezasse a ampla visão a olho nu, que me traria o universo inteiro, para me limitar ao uso de uma luneta que só revelasse a terra dos verdes canaviais.
Cada terra tem suas palmeiras onde cantam os seus sabiás, mas as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá, como na poesia de Gonçalves Dias; ou, rebuscando o grande poeta d’além mar, o Tejo não é o mais formoso rio que ornamenta a terra patrícia, porque o Tejo não é o rio que corre por minha aldeia.
Assim explico a estreiteza da visão saudosista da minha amada Ceará-Mirim. Lá eu encontro a síntese do próprio universo, com todas as suas nuances e peculiaridades. Não localizo a Gare Saint Lazare, a torre inclinada de Piza, a beleza suspensa no ar dos Alpes Suiços, as monumentais construções de Dubai, nem as vastidões desérticas do Saara. Mas satisfaço-me com a velha estação ferroviária, com a metamorfose do Palácio Antunes, com o antigo prédio da Companhia de Força e Luz e os velhos casarões (urbanos e rurais) destruídos, à espera de um milagre que os faça renascer em todo o seu esplendor. Não temos geleiras, nem montanhas, mas a beleza plástica das dunas movediças, me levam a encantamentos inigualáveis. A expressão arquitetônica da Igreja de Nossa Senhora da Conceição não nos deixa órfãos da beleza nem da monumentalidade. Sou feliz, cosmopolita, com a alma cheia de alegria, com o tipo de paisagem que não é encontradiça em nenhuma outra parte do mundo: a harmonia, a policromia e a reinvenção de cores e luzes.
Há um mistério que circunda o “clima” da minha cidade. Indecifrável, inexplicável, único, que jamais ousarei estudar ou fazer, desse fenômeno, uma tese. Basta-me lançar os olhos pelo vale, banhar-me no oceano verde do canavial ou penetrar no azul mais doce do manto de Nossa Senhora, que é o céu de Ceará-Mirim.

Essas as minhas razões.

18/03/2012
Pedro Simões Neto"

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Aproveitando a peregrinação de Pedro Simões Neto, junto-me à sua grande viagem sentimental e telúrica, em meus versos ao vale verde apaixonante, em minha ode às únicas esmeraldas que jamais perderam suas nuanças!


VERDE, SEMPRE TE QUERO VERDE.
(AO CEARÁ-MIRIM)
Lúcia Helena Pereira

VERDE - sempre te quero verde
Vestido de esperança e dourado de sol
VERDE - sempre te quero verde
Brilhando na chuva e espreguiçando-se ao vento
VERDE - sempre te quero verde
Iluminado e festivo
Comemorando história e preservando lembranças.

VERDE - sempre te quero verde
Exibindo casarões, praças e ruas
Patrimônios de antigas nobrezas.

VERDE - sempre te quero verde
Impetuoso, destemido e alvissareiro
Na travessia dos séculos.

VERDE - sempre te quero verde
Na memória dos teus filhos ilustres
Uns distantes, outros próximos do coração.

VERDE - sempre te quero verde
Coberto pelo aroma fresco das matas
E banhado pelos rios serenos
Onde sussurram as sinfonias do tempo.

VERDE - sempre te quero verde
Embelezando-se no Oiteiro, Guaporé,
Santa Águeda, Verde - Nasce,
Mucuripe e Solar Antunes.

VERDE - sempre te quero verde
Na Usina São Francisco, Ilha Bela,
No Cumbe e no Diamante.

VERDE - sempre te quero verde
Nas águas misteriosas e perfumadas dos olheiros
No rio Água Azul e do rio Ceará-Mirim.
VERDE da casa - grande, onde corri meus passos de criança,
E bebi água de poço refletindo a minha vida!

VERDE - sempre te quero verde
Anunciando alegrias e acordando saudades
Nas águas límpidas de tantos rios poéticos.

VERDE de memoráveis figuras
José Antunes de Oliveira e Joana Soares
Madalena Antunes e Olympio Varella
Raimundo Pereira Pacheco e Olympia Pacheco
Juvenal Antunes de Oliveira, Ezequiel e Etelvina.

VERDE de Nilo de Oliveira Pereira.
Edgar Varela e Edgar Barbosa,
De Roberto Pereira Varela e Rui Pereira Júnior,
De Adele de Oliveira e dr. Abner de Brito.
VERDE de José Augusto Meira, Clóvis, Silvio,
De Gracilde Correia de Melo, Idalina Correira Pacheco

Ceará-Mirim dos meus pais:
Abel Antunes Pereira e Áurea Pacheco Pereira.
Dos meus tios de belas lembranças e ricas histórias:
Ruy Antunes Pereira e Odete,
Vicente Ignácio Pereira e Maria,
Antonieta Pereira Varella e Luís
E Joana D´Arc Pereira do Couto.

VERDE de Augusto Vaz Neto e Lurdéca
De Herbert Washington Dantas
De Manoel Varela do Nascimento e Bernarda.

Verde de Piô e Maroca, de Quincas e Lebre,
De Chiquinha e Bililiu,
Do compadre Joaquim Gomes,
De dona Biluca e Valdinha
Verde de Franklin Jorge.

VERDE - resplendente verde,
Do Major Onofre Soares, De Dr. Percílio Alves e dona Esmeralda
De Gibson Machado, Franklin Marinho, Agnelo Alves,
Esteferson Sandis e Márcia Ferreira, estudiosos do vale.
Ceará-Mirim que tem a sua Academia de Letras,
Pelas mãos cuidadosas do seu Dom Quixote do vale,
Dr. Pedro Simões Neto - ALELUIA!!!

A cidade verde, de canavial ondulante,
De oiticicas cheirosas, manacás, umburanas,
Palmeiras imperiais, acácias de muitas cores,
E da mais bela flor-verde: o brilho canavieiro.
Ceará-Mirim linda criança,
Descoberta em 1759 e através de alvará
Denominada como Boca da Mata,
Visitada e explorada
E foi em 1882 que a Lei 837 deu-lhe foros de cidade
E ela passou a chamar-se Vila de Ceará-Mirim.

Em julho de cada ano ela faz aniversário
E se engalana
para festejar
O seu verde alvissareiro e iluminado,
Brilhando nas asas dos araraús
Passeando pelo infinito com asas de melodias
Repercutidas nas sinfonias siderais,
E no inigualável som do poético dobre dos sinos
Da Matriz de N.Sra. da Conceição
Ecoando pelo vale!

Ceará - Mirim, sempre VERDE!
É assim que eu te quero
E quem quiser se incomode com a sinhá-moça
Do Oiteiro, que exaltou sua história,
E Nilo Pereira e Edgar Barbosa terem mimoseado
A linda e verdejante paisagem,
Que Pedro Simões e eu cantamos sempre e mais,
Lamentando, do fundo de nossas almas,
Aqueles que jamais tiveram o seu Rio de Água Azul,
Ou mesmo um canavial... orquestrando suas saudade!

Ceará-Mirim - o eterno som de uma cor de luz,
De um verde sempre vivo,
Do simbolismo rural, dos engenhos que morreram,
E de outros que ressuscitam
E o dobre dos sinos da Matriz iluminada
Cantam e exultam louvores à Senhora da Conceição!

Lúcia Helena Pereira

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COMENTÁRIO DO ADVOGADO, SENHOR DO ENGENHO PITUAÇU E ESCRITOR - EDUARDO GOMES DE CARVALHO.

"Cara Lúcia Helena:

Belíssimo é o seu poema sobre o Ceará-Mirim. Somente quem conhece e possui o valor das raízes familiares no solo amado é que consegue se expressar com os olhos do coração. Por isso seu poema é lindo, pois retrata, e resgata do infame esquecimento popular, aqueles que engrandeceram sua terra, seja pela hombridade moral, seja pela dedicação impoluta ao torrão de orígem.
Pena das terras que não mais possuem filhos com a capacidade de imortalizá-las. Pena dos filhos que não possuem terras com conteúdo a ser enaltecido.
Parabéns ao Ceará-Mirim e à sua poetisa, pois o amor está em ambos!

Forte abraço.

Eduardo Carvalho".

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COMENTÁRIO DE VIOLANTE PIMENTEL

"Lúcia Helena:

Você e Dr.Pedro Simões Neto uniram suas emoções, homenageando o Vale Verde do Ceará-Mirim e oferecendo-nos essas verdadeiras pérolas, que nos fazem sentir, até mesmo, o cheiro dessa terra abençoada. Parabéns aos dois grandes poetas.

Violante Pimentel"

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AO RESPONDER (ABAIXO) AS BELAS PALAVRAS DE EDUARDO GOMES DE CARVALHO, NÃO ME CONTROLEI E TRAGO A RESPOSTA DE UMA RESPOTA.

EDUARDO,

DEUS, MEU QUERIDO DEUS!
QUEM É VOCÊ? UMA AVE QUE SE PERDEU DO ETÉREO PARA POUSAR EM MEU VALE VERDE E QUERIDO?
VOCÊ É FEITO DE LUZ E POESIA, É O SUSSURRO DO VENTO FESTEJANDO A MOENDA! É A COR DO AMOR RELEMBRANDO O PASSADO! É O SOM DO RIACHO AO ANOITECER? É A ESTRELA PENDURADA NUMA NUVEM QUE SE ESGARÇA?
QUEM É VOCÊ, RICO ESCRITOR?
AGRADEÇO A DEUS POR EXISTIR QUEM SEJA TÃO NOBRE GUARDADOR DE BOAS LEMBRANÇAS!
TE AMO MEU POETA DO PITUAÇU! ISSO ESTAVA ESCRITO ESTAVA ESCRITO E VIOLANTE PIMENTEL FEZ A JUNÇÃO. QUANTO SOU AGRADECIDA!

L.HELENA

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"Querida Lúcia Helena:

Quanta honra para mim me ver retratado em um poema tão lindo como esse que você escreveu!
Quem dera tivesse tempo disponível para ficarmos constantemente nessa troca maravilhosa de sentimentos poéticos.
Na minha humilde opinião você se supera quando escreve de improviso, simplesmente respondendo a uma mera correspondência. A sua poesia flui de maneira impressionante e verdadeira. Coisa linda de se ver e de se ouvir.
Obrigado pelo poema, pois fiquei emocionado ao me ver retratado como um arauto no seu lindo vale. Grande honra e infinita responsabilidade para mim!

Grande abraço.

Eduardo Carvalho"

sábado, 17 de março de 2012

UM PRESENTE DE MUITA AFEIÇÃO AO MEU AMIGO PEDRO SIMÕES O CIRCO NERINO DE ROGER ÁVANZI, ARMADO EM CEARÁ-MIRIM DESDE A DÉCADA DE 40, A CADA DOIS ANOS.



O Circo Nerino foi fundado pelo casal Nerino e Armandine Avanzi, em Curitiba, no primeiro dia de 1913, e apresentou seu último espetáculo em 13 de setembro de 1964, na cidade paulista de Cruzeiro.
Durante quase 52 anos, percorreu todo o país por diversas vezes. Viajou de trem, navio, barcaça, jangada e, por fim, de caminhão, em estradas de terra, numa época em que o circo era o maior quando não o único espetáculo das terras do Brasil.
Uma das mais completas expressões de um modo de produção circense que predominou no Brasil desde o final do século XIX até os anos 60 do século seguinte, o Circo Nerino era circo-teatro, pois apresentava circo na primeira parte do espetáculo e teatro na segunda. Era circo pau-fincado porque os paus de roda de sua tenda eram fincados no chão. Era circo-família porque a família era seu principal esteio. E como autêntico representante desse modo de produção circense, tinha como principal estrela, o palhaço, no seu caso, o Picolino.
Criado por Nerino Avanzi, no início do século XX, o palhaço Picolino tornou-se conhecido em todo o país através exclusivamente do circo. Em 1954, seu filho, Roger Avanzi, o substituiu com o mesmo figurino, a mesma maquiagem, e o mesmo nome: Picolino. Pai e filho se desdobraram na personagem do palhaço por mais de um século, fazendo rir várias gerações de meninos, meninas e adultos do Brasil.
ROGER ÁVANZI - CRIADOR DO CIRCO NERINO - FIGURA EMBLEMÁTICA EM CEARÁ-MIRIM E DIVERSOS ESTADOS BRASILEIROS POR ONDE O CIRCO PASSAVA. UM CIRCO QUE SIGNIFICOU, À ÉPOCA, UMA AUDACIOSA EMPREITADA, AFINAL, ERA UM INVESTIMENTO NA ÁREA DE ENTRETENIMENTO, EM PLENO SÉC. XXIX, DAS MAIS CARAS.
MAS, SEM TEMOR, O MESTRE VENCEU A TRAVESSIA.

ROGER - QUE ERA TRAPEZISTA, PALHAÇO, DOMADOR DE TIGRES E LEÕES, FOI A MINHA PRIMEIRA PAIXÃO DA INFÂNCIA.
COMO O CIURCO ERA ARMADO PRÓXIMO À NOSSA CASA EU FUGIA NAS HORAS DOS ENSAIOS DOS ARTISTAS SÓ PARA OLHAR ROGER. UM DIA ELE ME VIU E ME DEU UM SAQUINHO CHEIO DE BOMBONS. EU ACHEI QUE DEVERIA LHE CONFESSAR MEU BEM QUERER. E EU CONFESSEI, OLHANDO PARA O ESVERDEADO DAQUELES BELOS OLHOS: SR. ROGER, É AO SENHOR QUE EU AMO E COM QUEM QUERO ME CASAR!
ELE SORRIU COM IMENSA SUAVIDADE, TOCOU-ME O QUEIXO E DISSE: "VAI PARA CASA MENININHA"...

ROGER ERA O PAR DE MASCOTINHA. ERAM TRAPEZISTAS FANTÁSTICOS. LEMBRO-ME DELA, LINDA, RESPLENDENTE, E, EM VEZ DE TER CIÚMES, SENTIA-ME SEMPRE COMO SE FOSSE ELA...E ISSO ME ENCHIA DE FELICIDADE!
O LIVRO DA AUTORIA DO PRÓPRIO ROGER ÁVANZI
ROGER O GRANDE E MÚLTIPLO ARTISTA
ROGER - O PALHAÇO, O TRAPEZISTA, O CANTOR, O BAILARINO
ARTISTAS EM BELÍSSIMA APRESENTAÇÃO NA DÉCADA DE 40
ILUSTRAÇÃO CAPTURADA DA PÁGINA DE FACEBOK DE PEDRINHO SIMÕES

ESTA PÁGINA É DEDICADA AOS DESCENDENTES DE MADALENA ANTUNES, ETELVINA ANTUNES LEMOS DE CARVALHO, EZEQUIEL ANTUNES DE OLIVEIRA, JUVENAL ANTUNES, PERCÍLIO ALVES, LUIS LOPES VARELLA, RUY ANTUNES PEREIRA, JOANA D´ARC PEREIRA DO COUTO, ODETE RIBEIRA PEREIRA, HERBERT WASHINGTON DANTAS, JOSÉ AUGUSTO MEIRA, ADELE DE OLIVEIRA, MAJOR ONOFRE SOARES, CLETO BRANDÃO, EDGAR BARBOSA, ANTONIO POTENGI, LEÓ CAVALCANTI, HÉLIO VENÂNCIO, E TODOS OS QUERIDOS CONTERRÂNEOS, VIVOS E MORTOS, JAMAIS ESQUECIDOS, QUE FIZERAM PARTE DESSAS CENAS DE ALEGRIAS COM UM CIRSO EM CEARÁ-MIRIM, POR MUITAS DÉCADAS.

FONTE: http://books.google.com.br/

sexta-feira, 16 de março de 2012

DR. JURANDYR NAVARRO, PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DO IHG/RN, CONVIDA PARA A SOLENIDADE DE POSSE DE NOVOS MEMBROS.

DR. JURANDYR NAVARRO
PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DO IHG/RN - 2012/2013.


C O N V I T E


O Exmo. Presidente em exercício, do Instituto Histórico e Geográfico do RN, Dr. Jurandyr Navarro, tem a satisfação de convidar V.Sa. e família, para a solenidade de posse de mais 17 sócios.
Fará a saudação em nome dos novos sócios, a confreira Anna Maria Cascudo Barreto.
Data: 29-03-2012
Hora: 20h
Local: Instituto Histórico e Geográfico do RN, à Rua da Conceição, na Cidade Alta.

Atenciosamente,


Jurandyr Navarro
Presidente em exercício


NOVOS SÓCIOS ELEITOS PELA DIRETORIA DO IHG/RN

Alcydes Villar de Queiroz
Ângelo Mário Dantas (Cel)
Anísio Marinho Neto
Bruna Rafaela de Lima
Geraldo Batista de Araújo
João Medeiros Filho (Sacerdote)
Joaquim Crispiniano Neto
José Augusto da Costa Júnior
Leda Marinho Varela da Costa
Maria de Lourdes Fernandes Nóbrega
Naide Gouveia
Nelson Patriota
Paulo de Tarso Correia de Melo
Pedro Simões Neto
Rivaldo D´Oliveira
Ticiano Duarte

quarta-feira, 14 de março de 2012

CANTANDO EM BUENOS AIRES/ARGENTINA EM 1977, QUANDO ESCRITORAS ENGANARAM O GERENTE DE UMA BOITE E EU CANTEI O QUE NÃO SABIA E RECEBI CACHÊ.

LÚCIA HELENA EM 1977
São 8:05 e recebi, até agora, o nono telefonema de parabéns pelo Dia Nacional da Poesia. Telefonemas de vários lugares, assim como e-mails com belas mensagens que agradeço, penhoradamente.
É dia, também, de se parabenizar o Brasil pela ilustre figura do poeta baiano Castro Alves, nascido em 14 de março DE 1847.

Nessa foto, numa casa noturna em LA BOCA, na grande cidade de Buenos Aires (1977), entrei na agradável companhia de escritoras da AJEB/Pará, AJEB/SP, AJEB/RS (em maior número), AJEB/RS e AJEB/Rn (duas representantes).
Pela manhã, andando por uma infinidade de lojas, perdi minha carteira com dinheiro e cartão de crédito. Bom, a minha confreira gaúcha, Gisele Bueno Pinto logo falou: "Eu te cubro mana, vai telefonar e cancelar teu cartão, não vamos perder tempo nem alegria"...
De noite entramos em várias ruelas e vimos uma boite aconchegante. Santo Deus, como éramos uma 19 mulheres, nada notei, salvo quando um senhor arregalou os olhos e perguntou em espanhol bem devagar se eu era mesmo "a cantante brasiliena Ângela Maria e quanto queria de cachê para cantar"...
Antes de responder o que julguei um mal entendido, uma mão logo tapou-me a boca. Era uma companheira que já havia dito ao gerente da boite que eu cantava divinamente e me chamava Ângela Maria...e abria cada show cantando Babalu. Creio que fiquei ainda mais sem fôlego, afinal, à época eu era uma fumante incorrigível e não conseguia maiores tons de voz.
Mas tudo na vida tem que ter alguma explicação, e a querida escritora que "forjou" a situação, só desejava que eu recuperasse o dinheiro que perdi. E quanto agradeço esse gesto, ainda que intempestivo e hoje reconheço, sem maiores consequências.
A boite era bem interessante, como se ali também funcionasse uma galeria de arte. Haviam dois espaços tipo palcos: um para os shows e outro para dança. No palco que me foi destinado para cantar,ali, pela primeira vez (gostaram anto que repetiu-se na outra noite) observei as telas nas paredes e bem atrás de mim, a tela de um artista brasileiro (cujo nome não recordo) que, ali parado, naquela parede, mal sabe o quanto me dera energia ao ponto de me lembrar da letra e cantar BABALU. Deus do céu, aplausos e aplausos. Cantei outras coisas que não mais recordo e recebi o meu cachê por duas horas (com um intervalo apenas) como a grande artista brasileira - Ângela Maria - de quem sou fã incondicional e me lembro de papai e mamãe ouvirem, em tempos idos, ainda pelo rádio, aquelas jóias da MPB.
Isso para mim é pura poesia. A poesia do imprevisto que deixa uma saldo positivo. Mas, não foi só em Buenos Aires que cantei e ganhei uma graninha, voltando para Natal com um bom dinheiro.
Em Montevidéu, onde ficamos por quatro dias e tínhamos uma grande amiga e pianista lá morando - Suzanna Ratto - (que esteve em nossa Assembléia Geral Nacional em novembro de 1997, aqui em Natal, e fez um concerto maravilhoso, justo na Assembléia em que fiz uma homenagem à nossa Luiza Maria Dantas, outra premiada artista), vivemos momentos inesquecíveis e o dono do Hotel em que nos hospedamos (quando eu achar essa foto vou puxar essa página e inserí-la), sentiu enorme carinho por mim, sem qualquer outro interesse que não fosse simpatia. Ele me, dava tantos presentes maravilhosos deixando-me sem graça e alvo dos gracejos e picuinhas engraçadas das amigas, e da minha companheira de Natal, Gilda Moura brincava: "hum, a presidente (*) vai casar e quero ser a madrinha".
Na realidade, também cantei na boite desse Hotel e recebi um bom cachê, não como Ângela Maria, mas, como outras várias artistas da MPB.

Passei só para relembrar essa festa da alegria e da emoção neste dia da poesia. Afinal de contas, tudo acaba mesmo em poesia...é nela que me derreto e transformo em tudo que gosto e sinto!
Creio que sou uma garota de muita sorte!

Bom Dia Felicidade, Teu nome é Poesia!

(*) AJEB - Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - onde fui presidente regional e nacional por dez anos.

terça-feira, 13 de março de 2012

UM POEMA DE ANETE VARELA PELO DIA DA POESIA.

ANETE VARELA (IN MEMORIAN)

D I A M A N T E

Anete Varela

Carro de boi, açúcar, rapadura,
Fazem lembrar o engenho Diamante;
Hoje a saudade dentro em mim perdura,
De minha infância que já vai distante!

Nunca existiu em mim dor, amargura,
Quando eu era criança – e, bem galante,
Ia correndo, cheio de ventura,
Pelo capim, macio e verdejante.

Na Casa-Grande, em cada canto, eu via
Um rosto amado cheio de ternura,
A me fitar com risos de alegria.

Já vai longe aquele tempo amigo!
Só me resta, de tudo, a noite escura
Desta saudade que ficou comigo!

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FONTE: Ceará-Mirim Cultura e Arte
e www.nlusofonia.blogspot.com

Nota: O Pema de Anete foi dedicado ao engenho dos seus ancestrais.

segunda-feira, 12 de março de 2012

SÍNTESE HISTÓRICA DA BRIOSA VILA - CONFERÊNCIA DE LÚCIA HELENA PEREIRA EM 2004.

ABEL ANTUNES PEREIRA - MEU PAI
RUY ANTUNES PEREIRA - MEU TIO
NILO PEREIRA - MEU PRIMO
MARIA MADALENA ANTUNES PEREIRA
- MINHA AVÓ PATERNA

SÍNTESE HISTÓRICA DA BRIOSA VILA
Lúcia Helena Pereira (1)

"Mais coisas sobre nós nos ensina a terra do que todos os livros, porque oferece resistência”. (2)


Entrar em Ceará - Mirim é rever a sua paisagem esplendorosa, o verde alvissareiro, o cheiro peculiar de suas entranhas! É sentir os mistérios da natureza na beleza dos verdes canaviais; na visão dos bueiros dos engenhos aromatizando o ar! É lembrar as tradições da economia rural e patriarcal tão bem desenvolvidas, no perido do ciclo da cana - de - açúcar, reunindo as famílias da aristocracia, com sua nobreza, sua arrogância, seus sobrados, suas louças e pratarias da Inglaterra, seus brasões, seu poderio e seu estilo bem próprio de senhores de engenhos.
Cresci ouvindo histórias sobre a terra que me viu nascer, em 9 de julho de 1945. Lembro - me do cenário místico do vale! Essa emoção ainda palpita em mim. E posso rever os pássaros cantando suavemente nos galhos das árvores do quintal da nossa casa, anunciando o alvorecer de cada dia e cortejando - nos com as suas sinfonias.
Tenho uma gaveta cheia de recordações desses anos todos. É a hora de se comemorar o passado que fez a nossa história; o presente, mesmo as apreensões da difícil e conturbada época, e o futuro, no qual depositamos esperanças de dias melhores. Afinal, não vivemos sem esses tempos, sem as vozes dos nossos ancestrais, sem os gestos marcantes, sem as figuras que lá nasceram e viveram, muitas das quais marcaram seus nomes à história política, literária e sociológica do vale!
Saí de Ceará - Mirim beirando os sete anos de idade. Acompanhava - me a estrada esburacada e os arvoredos acenando ao vento, certamente despedindo - se de mim. Em Natal, na convivência diária com a nossa vizinha - vovó Madalena (Maria Madalena Antunes Pereira), nas conversações habituais com meus pais e na vasta correspondência com o primo Nilo Pereira e o tio Ruy Antunes Pereira, fui redescobrindo o meu paraíso perdido. Aos dezesseis anos, quando de uma visita espontânea, num roteiro romântico pela cidade e pelos engenhos, apaixonei - me profunda e ardentemente pelo Vale Verde, a cidadezinha de tantas memórias, de tantos afetos, dos gestos largos que ainda sinto, como a acariciarem minhas lembranças fiéis.
Nos idos de 1983, a conterrânea Lêda Marques (juntamente com um grupo de senhoras), passou a festejar, em grande estilo, o meu aniversário. Isso repetiu - se por vários anos e Ceará - Mirim ficou, definitivamente, no meu coração, sem a mágoa de ter saído de lá, intempestivamente, para morar em Natal, deixando a minha shangrilá para trás, mas, comovida com a minha afeição pela cidadezinha dos três Reis Magos!
Conforme relatos do meu pai, Abel Antunes Pereira, nos fins da década de 20, o progresso começava a imperar. Os costumes transformavam - se, o automóvel surgia operando os milagres do desenvolvimento, e a cidadezinha antes pacata e silenciosa, trafegada apenas por veículos rudimentares: charretes, carros - de - bois, jumentos e cavalos de porte, utilizados como transportes de mercadorias diversas.
A Revolução de 1930 provocou grandes mudanças e nova filosofia política. Tudo ia
seguindo as leis do tempo! Aos poucos as novas palpitações faziam pulsar o coração do povo. Tudo tornara - se diferente. A Revolução era um acontecimento que os mais velhos protestavam e os mais novos não compreendiam.
Mesmo com todas as preocupações e ansiedades, o Ceará - Mirim jamais deixou de festejar suas importantes datas, onde os folguedos populares animavam a pequena cidade. E o pastoril conservando sua tradição: a lapinha, o fandango, o bumba - meu - boi, manifestações que o povo não esquecia. Poderia vir o progresso de onde viesse, ou os tumultos e impactos psicológicos, as tradições mantinham - se de pé.
E foram chegando: a luz elétrica, o trem de ferro, o telégrafo, o caminhão! Os lampiões que ardiam suas chamas no querosene, iam se apagando! A cidadezinha foi recebendo os influxos das coisas novas. Eram os novos tempos anunciados! E, mesmo com o automóvel já circulando, os bons cavalos de sela nem por isso deixaram de existir, depois, isso foi ficando ultrapassado.
O sucesso das festas do dia 08 de dezembro, dia de N.Sra. da Conceição, padroeira de Ceará - Mirim, resistiu ao tempo. Uma festa jubilosa, a Matriz engalanada, fogos de artifícios, o dobre dos sinos ecoando pelo vale, as barracas com comidas típicas, a banda - de - música, a celebração da Missa, os bailes no clube, as pessoas passeando diante da Matriz, da praça barão de Ceará - Mirim, do Solar Antunes e do Mercado Público era um cenário maravilhoso!
Também, com igual entusiasmo, as festividades natalinas e do Ano Novo. Festas harmoniosas, fogos estrondando, a celebração eucarística com a Matriz ornamentada das mais exuberantes rosas, colorindo e perfumando o ambiente. Nessas festas, as noites do vale tão cheias de quietude, enchiam-se de ruídos e emoções múltiplas. E o final dessas comemorações era anunciado com a banda - de - música tocando os últimos dobrados. Relembro, então, a propósito, das palavras do meu pai: "Quanto me alegra o espírito recordar o Ceará-Mirim em todos os seus aspectos, principalmente no Ano Novo! Do alto da Matriz viam-se as casas - grandes dos engenhos. E lá estava o Guaporé, todo iluminado! E aquelas luzes davam - nos esperanças!” E relembrava, junto com ele, das amenidades daquele tempo!
Neste meu passeio pelo passado, vale rememorar e enaltecer os patrimônios históricos embelezando o vale esmeraldino. Como não lembrar a imponência do Solar Guaporé ou Museu "Nilo Pereira", antes denominado Sítio Bonito? Era a casa - grande, em estilo afrancesado! Nunca ninguém soube quem teria sido o construtor, contudo sabe-se que remonta da segunda metade do século XIX e foi a herança deixada pelo Barão de Ceará - Mirim (Manoel Varela do Nascimento - meu trisavô) ao seu genro, Vicente Ignácio Pereira. O Dr. Vicente foi vice -presidente da província. Àquela época, enfrentou os terríveis efeitos da seca de 1877, doando o salário do referido cargo ao Hospital de Indigentes de Natal. Após sua gestão, na capital, retornou ao Ceará - Mirim, direto para o engenho para o Guaporé.
O Dr. Vicente veria a abolição dos escravos, mas não o fim do regime imperial, encantou-se bem antes da proclamação da República e foi sepultado no cemitério da Usina São Francisco, em Ceará - Mirim. Foi o segundo norte - rio - grandense formado em medicina, deputado provincial e jornalista.
Ainda sobre os patrimônios históricos e culturais do vale, há de se reconhecer a importância da casa - grande do engenho Guaporé. Naqueles idos, era a casa de veraneio da nossa família. O interior do casarão comportava três salas de frente: o salão nobre com retratos do Barão, o piano de cauda, paredes de veludo, uma chapeleira com espelho de cristal, mobília em jacarandá, três lustres de cristal, várias telas de artistas estrangeiros, uma cristaleira com vidros trabalhados (guardando copos e jarras de cristal em cores variadas e peças decorativas em porcelana). A sala rosa tinha uma antiga caixa-de-música trazida da Inglaterra (só com os belos clássicos); uma estante com numerosos livros, inclusive, a coleção “Tesouro da Juventude”; uma mesa grande com 12 cadeiras; escrivaninha com papel, caneta-de-pena e tinteiro. A sala azul era pequena e bem adornada, chamava atenção o tapete em duas cores: azul marinho com fundo verde musgo e ilustrações em marrom, amarelo âmbar, violeta e grafite.
Nas esquinas do Guaporé viam - se dois lampiões que davam para os jardins. Nas noites de festas a visão do sobrado destacava - se em todo o seu esplendor. Sabe - se que as pessoas deslocavam - se do solar Antunes e da cidade, para os grandes bailes e os saraus musicais e literários no Guaporé. Também, dois galgos de louça, sobre duas colunas, na entrada do velho casarão, que, segundo Nilo Pereira: “pareciam humanos, como se vissem, ouvissem e falassem”.
Além do Barão e sua família, do Dr. Vicente Ignácio Pereira, também moraram na casa - grande o Dr. Riquette Pereira, sua esposa dona Augusta e os filhos. Ela, exímia pianista, conhecedora da música clássica erudita. O Dr. Riquette era uma figura bastante popular pela inteligência invulgar, pela vasta cultura, por falar correta e fluentemente o idioma francês e, também, por ser um charadista conhecido nacionalmente. Era leitor assíduo e apaixonado pelos grandes da literatura: Eça de Queiroz, Montaigne, Rousseau, Victor Hugo, Olavo Bilac, Castro Alves, Machado de Assis e outros.
O solar Antunes foi construído em 1888, pelo tenente - coronel José Antunes de Oliveira, meu bisavô. Ao falecer, ficou aos cuidados da viúva Joana Soares de Oliveira que, posteriormente vendeu-o ao filho Juvenal Antunes de Oliveira (Promotor de Justiça e poeta). Em 1937 , o poeta vendeu-o ao sobrinho Ruy Antunes Pereira que, após alguns anos, cedeu - o ao filho Rui Pereira Júnior. Posteriormente, num gesto desprendido e já como Prefeito da cidade, em 7 de novembro de 1975 (data do seu aniversário), Ruisinho (como é mais conhecido), passou o palacete à edilidade cearamirinense. Desde a sua restauração, tornou-se a sede oficial da Prefeitura da cidade.
Ceará - Mirim foi palco de grandes nomes no cenário político, literário e industrial (da cana - de - açúcar). Um exemplo é a família Meira, com o seu patriarca Dr. Olintho José Meira, o primeiro presidente da Província e proprietário de engenho Diamante. Destacou - se por sua expressiva e luminosa cultura, que, segundo contavam, valia por uma Universidade! Os Meira sobressaíram - se política, social, profissional e intelectualmente. A maioria, desde cedo, radicada no Pará: Miguel, Augusto, Otávio, Francisco José Meira (que foi senador). A outra geração, já no Pará, seguiu - se através de Clóvis Olintho Meira, Sylvio Meira e Cécil Meira, todos falecidos.
Gratifica - me destacar alguns nomes que marcaram a política de Ceará -Mirim, integrando a história de ex - senadores, ex - prefeitos e ex - deputados: Dr. Manoel de Gouveia Varela, Dr. Luís Lopes Varela, Dr. Edgar Varela, Dr. Roberto Pereira Varela (falecido em 2006), Ruy Pereira Júnior, Dr. Eider Freire Varela (radicado no Rio de Janeiro e falecido este ano), Agnelo Alves, nascido em Ceará - Mirim, no dia 16 de julho de 1932, ex-prefeitas: Terezinha Jesus da Câmara Melo e, Ednólia da Câmara Melo, Despois dela ingressou como prefeito, o advogado e delegado de polícia, Dr. Antônio Peixoto.
É um privilégio lembrar os nomes que fixaram - se na memória do povo e constituem muito do nosso orgulho pelos exemplos de honradez. É quando vale enaltecer grandes figuras: Dr. Abner de Brito, professor e poeta, professora e poetisa Adélle de Oliveira, escritor Edgar Barbosa, senhor Joca Barroca (proprietário do primeiro cartório da cidade), Dr. Álvaro China (que abriu a primeira farmácia de alopatia em Ceará - Mirim), senhor Raimundo Pereira Pacheco (meu avô materno) - homem de impoluta memória, dono de armazéns de tecidos finos e outras mercadorias. Lembrar, ainda, a figura do major Onofre Soares (um homem de irrepreensível lembrança), Cleto Brandão, Almir Varela, Dr. Pacheco Dantas, enfim, os Villar, os Ribeiro, os Dantas, os Pereira, os Pacheco, os Varela, os Câmara, os Barreto e tantos outros que fizeram a história da Briosa Vila!
Falando em nomes e história, trago - lhes com um encantamento especial, um dos mais importantes nomes do cenário literário do RN, de Natal, de Pernambuco e de outros Estados, reconhecido e enaltecido! Trata - se de Nilo Pereira, filho de Fausto Pereira e Beatriz de Oliveira Pereira, proprietários do engenho Verde - Nasce que teve como primeiro proprietário, o seu avô - Victor de Castro Barroca). Nilo foi uma presença humana de valor inconteste, intelectual elogiado e prestigiado. Amou o vale verde que ele próprio elegeu como a sua "pátria amada". A prova desse amor está nos seus escritos, sobretudo nos livros - "Imagens do Ceará -Mirim", "Evocações do Ceará - Mirim" e a "Rosa Verde", retratando a paisagem telúrica, sociológica, histórica, política e sentimental do vale. Era um homem de princípios religiosos, advogado, orador, político, professor de história da UFPE, membro da Academia Norte - Rio - Grandense de Letras, de Academias de outros estados, de Institutos Históricos e Geográficos do país e da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife / PE. Foi jornalista e cronista literário dos bons! Tinha uma coluna diária no Jornal do Comércio de Recife / Pe, intitulada: "Notas Avulsas". Portador de inúmeros prêmios literários, como o "Machado de Assis", pela Academia Brasileira de Letras, por conjunto de obras, o "Edgar Barbosa", e vários outros. Deixou - nos mais de 60 obras e incontáveis artigos de jornais. Faleceu em Recife / Pe, onde residia há muitos anos, em 22 de janeiro de 1992, aos 82 anos!
Quero, aqui, dedicar algumas evocações sobre os meus familiares, enaltecendo a figura do meu bisavô José Antunes de Oliveira, casado com Joana Soares de Oliveira. Desse casal, o Rio Grande do Norte recebeu quatro memoráveis nomes: Ezequiel Antunes de Oliveira (médico do exército, logo cedo transferido para Belém do Pará e depois, radicando-se em São Paulo); Etelvina Antunes de Lemos (poetisa); Juvenal Antunes de Oliveira (promotor de Justiça, boêmio e poeta, radicado, desde 1909 no Acre, onde viveu por 28 anos) e a primeira mulher potiguar a publicar um livro de reminiscências e regionalismo, Maria Madalena Antunes Pereira. Nasceram todos no engenho Oiteiro. Madalena Antunes em 25 de maio de 1880. Foi casada com Olympio Varela Pereira, dando a luz a cinco filhos: Abel Antunes Pereira(meu pai); Ruy Antunes Pereira; Vicente Ignácio Pereira; Maria Antonieta Pereira Varela e Joana D' Arc Pereira do Couto.
Do engenho Oiteiro, Madalena Antunes mudou - se para o Solar Antunes, posteriormente, para Natal. Vivia pacatamente, escrevendo numa mesinha de vime, sob o velho terraço da casa da avenida Hermes da Fonseca, n° 700. Era, assim, que ela manifestava o seu talento e fantasiava os seus momentos de solidões, numa época de tantos preconceitos em relação ao papel da mulher na sociedade, literatura e em outras atividades quase que destinadas apenas ao homem. Conviveu com intelectuais como Luiz da Câmara Cascudo, Manoel Rodrigues de Melo, Esmeraldo Siqueira, Veríssimo de Melo, Nilo Pereira (sobrinho dileto) e muitos outros. E, de 1955 a 1959, recebia a visita vespertina de um jovenzinho e fervoroso admirador, Paulo de Tarso Correia de Melo, que tão magnificamente encantava - se com a Sinhá - Moça, como a beber a água de uma fonte sempre jorrando na sua estima e grande admiração.
Com a amizade desse grupo, vovó Madalena descobriu a fórmula “mágica” para editar o seu livro, o qual, em manuscritas páginas, estava concluído. Presenciei essas “cenas” por algum tempo, observando a empolgação dos intelectuais diante da perspectiva de uma mulher potiguar infiltrar - se no mundo literário. E foi desses nomes da nossa rica literatura, que ela recebeu os maiores estímulos, até que, através do contacto de Câmara Cascudo e Nilo Pereira, com um escritor pernambucano, seus manuscritos chegaram à Editora Irmãos Pongetti e o livro foi editado com o apoio da Casa Euclides da Cunha, Coleção Nisia Floresta, em 1958.
Madalena Antunes, na década de 50, mantinha um sarau musical e literário em determinadas tarde. Relembro a figura da jovem Chicuta Nolasco Fernandes declamando poemas de autores diversos, bem como, Estela Wanderley, Clarice Palma e outras.
Eu tinha treze anos quando vovó Madalena terminou de escrever o seu romance. Estava organizado em papel almaço, quando me deu para ler. Lembro - me da minha emoção quando recebi esse material e das palavras anotadas, em letras de forma, que diziam: “Largo é o sorriso que me acompanha e estreito o caminho daqueles que não compreendem as poesias da alma. Eu sou apenas uma mulher feliz, alguém que aprendeu a canalizar os sentimentos sem se queixar diante dos embates da vida! Madalena Antunes!”
Com toda a movimentação para o lançamento do seu livro, vovó Madalena foi surpreendida com a visita da jornalista Maria Tereza, redatora - chefe da revista “DA MULHER PARA MULHER” (1958). Veio do Rio de Janeiro para entrevistá - la (tamanha a repercussão em jornais e rádios da época) e vovó ofereceu - lhe um chá com outros convidados. Maria Tereza perguntou - lhe: “Como a senhora se sente ao publicar o seu primeiro livro com tantas manifestações de carinho, notícias em jornais, intelectuais cercando-a a todo instante? E esse terraço”?
Seus olhos oceânicos brilharam e ela respondeu: “Saí de uma vale encantado para a cidadezinha dos Reis Magos. Com o tempo fui reunindo as minhas reminiscências e encontrando escritores que me incentivaram nessa caminhada. Deixar o Oiteiro e a velha Ceará - Mirim deu - me algumas vantagens e os primeiros vislumbres intelectuais. Por outro lado venho sentindo falta da minha paisagem de infância, da mansidão do vale, dos parentes e amigos que lá ficaram. Quanto ao terraço, nele está a fronteira do meu pequeno grande mundo, a minha “ilha”, o meu refúgio, a mangueira frondosa e bela! Afinal, as árvores também saem dos seus lugares e dão sombras e frutos. Nelas os pássaros pousam e cantam as suas lindas estrofes musicais! Quanto ao livro, creio que a vida vai escrevendo a nossa história e o Oiteiro vai me levando de volta a um tempo ameno, cheio de poesia e beleza, ao meu “templo” de gratas recordações que deixarei para as novas gerações.”
Dando continuidade, Maria Tereza insistiu: “Somente as recordações e saudades do vale levaram - na a escrever um livro?” Madalena Antunes sorriu e respondeu com doçura: “Ah! Menina, foram os encantamentos da infância que enriqueceram as minhas lembranças; o feitiço do Oiteiro com suas perfumadas auroras e os luminosos crepúsculos enchendo - me de inspirações! Anda me lembro do lume dos vagalumes, coitados, cegos, batendo as asinhas e, mesmo sem enxergarem, abrilhantavam a noite em suas acrobacias brilhantes - eram uma cenas da mais bela poesia! O Oiteiro, o velho engenho com o oitizeiro à beira da estrada, Deus do céu, aquele pedaço de paraíso foi o palco festivo de minhas recordações! A fonte perene dos meus sonhos de menina! Desde criança fui aprisionando minhas lembranças no coração, só não imaginava é que elas seriam impressas. Creio que isso foi seduzindo o meu espírito e privando - me da solidão comum desses novos tempos, aqui em Natal. Escrever, pelo menos para mim, é um exercício da alma, uma forma de suprir as solidões e saudades. E no Oiteiro, ficou o grande oitizeiro, o qual devo bendizer: Oh! Velho oitizeiro, figura do passado, templo de minhas primeiras impressões! Quantas coisas recordas! Oh! Árvore do pomar da minha felicidade”!
Em 1958, na Fundação José Augusto (antiga Escola de Jornalismo de Natal), Maria Madalena Antunes Pereira autografou, em grande estilo, o seu livro OITEIRO: MEMÓRIAS DE UMA SINHÁ - MOÇA reunindo crônica, romance, poesia, história e regionalismo. Um livro reeditado pela A.S. Livros na II Bienal Nacional do Livro em Natal / 2003, prefaciado por mim. Madalena Antunes faleceu em 11 de junho de 1959, saindo da sua casa da Hermes da Fonseca, carregada pelas asas dos anjos, para outras dimensões.
Em maio de 2001, no Palácio da Cultura de Natal, a Fundação José Augusto, através do seu presidente - jornalista e escritor Woden Madruga, com apoio do Governo do Estado do RN lançou a revista antológica: "MULHER POTIGUAR: CINCO SÉCULOS DE PRESENÇA", onde, entre as 24 mulheres homenageadas, está vovó Madalena.
Da veia poética da escritora cearamirinense Maria Madalena Antunes Pereira, vieram os seus filhos: Vicente Ignácio Pereira, autor de um livro de poemas intitulado: "É BREVE O TEMPO DAS ROSAS", do qual posso citar o trecho de um dos seus poemas: "Onde estarão as roseiras/ nascidas no meu caminho? roseiras que davam rosas,/ com casas de passarinhos/ rosas, sem um espinho"? Ressalto, ainda, uma imagem poemática ímpar: "Só é breve o tempo das rosas para quem não plantou roseiras!" Ruy Antunes Pereira, escritor nato, deixou cartas tão perfeitas, como obras literárias, que sua filha, Denise Pereira Gaspar transportou - as para o livro: “MUCURIPE: O MUNDO ENCANTADO DE RUY ANTUNES PEREIRA”, em novembro de 1995. Dentre cartas tão corretamente escritas, quase todas voltadas para o Ceará - Mirim e para o Mucuripe, ressoará sempre uma frase lapidar do autor, na carta de abertura do livro, dirigida à minha pessoa: "Estarei sonhando? Este vale existe? E o verde, será uma cor ou um sentimento?"
Do talento da memorialista do vale do Ceará - Mirim, tivemos seu neto, Ferdinando Pereira Couto, advogado, escritor e poeta de valor absoluto. Deixou vasto material literário, jamais publicado. Quanto ao meu pai, Abel Antunes Pereira, mesmo sem haver se dedicado às letras, era fervoroso admirador dos grandes autores brasileiros, além de gostar de declamar os sonetos do seu tio materno - Juvenal Antunes - e tinha, de cabeceira: Oiteiro - Memórias de uma Sinhá - Moça, (já citado); "Vingança Não", de Júlio Dantas; "O Tesouro da Juventude" (coleção oferecida, às cinco filhas: Marilene, Gipse, Suely, Iara Maria e Lúcia Helena), "Os Sertões" de Euclides da Cunha, entre outros.
Finalmente, como um destino traçado, coube - me a missão de pugnar pela continuidade da vocação epistolar familiar, o que venho fazendo, desde os 12 anos de idade, quando tive o meu primeiro trabalho publicado no Jornal "A República". Desse modo, venho mantendo o espírito voltado para a literatura em geral. E sinto grande orgulho, por ter sido a primeira mulher norte - rio - grandense a presidir regional e nacionalmente uma entidade cultural em 14 estados. Ao proferir palestras enfocando as mulheres que se destacaram nas letras brasileiras costumo exaltar o Rio Grande do Norte - celeiro de notáveis escritores. Em 26 de março de 2002, com alta honra, assumi a cadeira nº 08, da Academia Feminina de Letras do RN, cuja patrona é vovó Madalena. Em abril de 2002, no Salão Nobre do Instituto Histórico e Geográfico do RN, na Reunião para eleição da nova Diretoria da Academia, fiz um discurso - síntese da vida de Madalena Antunes, minha avó paterna e excelsa patrona. Em novembro de 2004 fui eleita, por unanimidade, membro do IHG / RN, tão eficientemente presidido por Enélio Lima Petrovich.

Senhores e senhoras:
Voltar ao Ceará - Mirim é sempre uma emoção doce e renovada. Desta feita, não pude visitar a Matriz, que, segundo relatos dos meus pais, à época de sua construção, em 1883, recebeu a visita do Bispo de Olinda, Dom José Pereira da Silva Barros, que, ao benzer o prédio, exclamou emocionado: "Estou diante de um patrimônio histórico e religioso de grande valia, pela sua beleza e imponência arquitetônica, com certeza vai marcar a história deste lugarejo encantador!"
O tempo não apaga tudo! Há coisas que vão ficando na nossa alma, como poemas de amor. E a vida vai tecendo novos caminhos, como a aranha ardilosa vai tecendo a sua teia insondável. Mas, sempre voltamos, e, aqui estou, trazendo nos olhos e no coração as saudades dos meus pais, Abel e Áurea, a quem reverencio como arquétipos de tudo quanto possa dignificar a minha vida. Saudades de babá - Regina Dias-; das minhas companheiras de infância, Chiquinha e Bililiu, que, se não são Tonha e Patica do engenho Oiteiro de Madalena Antunes, são as filhas da ama - de - leite das crianças da nossa família! Saudades dos olheiros vingados pelos caminhos, com suas águas escuras, suas vegetações, seus aromas e aquele barulhindo das águas trazendo nostalgias. Lembrança amorosa da suave dança das piabinhas prateadas! Saudades do compadre Joaquim Gomes, tocador de rabeca, com seu anel de prata mareado no dedo mindinho, gordinho e atarracado, sempre agitado e suado, ainda me lembro das bolinhas de suor no seu nariz achatado, às quais enxugava com um lenço quadriculado e encardido, enquanto dava o seu concerto desafinado para papai e outros compadres! Saudades do apito nostálgico do trem, que Joaquim Isidro da Silva (Quincas) e seu irmão Lebre (orelhas enormes), empregados da casa grande de Ceará-Mirim, diziam: “Hum! Lá vem o bicho de ferro apitando e soprando fumaça inguá a cobra, parece inté o dono do mundo”... Saudades dos bueiros dos engenhos chorando ao alvorecer e regozijando - se ao crepúsculo; saudades da minha professora de primeiras letras, Valdecí Villar de Queiroz Soares (Valdinha); de dona Biluca, rendeira de almofadas de bilro -“venho de pés lá de Capela mode num andá de carro e trem que é coisa do cão”; saudades das chuvas descendo daquelas duas bicas (cabeças de jacarés em latão e cobre, amparando a queda d´água das telhas da frente casa - grande de minha infância). Ah! Saudades! Saudades de Chiquinha e Bililiu - de tantas brincadeirinhas; saudades das árvores seculares; dos meus avós, tios e primos; do quintal da nossa casa; das mangas rosas que dona Amélia Barroca enfurnava em um baú forrado com folhas de bananeiras; saudades do monsenhor Celso Cicco, que me batizou na Matriz de N.Sra. da Conceição! Saudades do meu padrinho, Dr. Olavo Montenegro, médico competente. Saudades de tantas saudades, Saudades das ruas silenciosas, da gente humilde, das cadeiras nas calçadas, das estórias contadas e recontadas por Piô e Maroca (com suas almas lobateanas).
O vale verde tem esse sortilégio, um cenário de eterna poesia.

Nessa “viagem” sentimental sinto rejuvenescer a minha alma.
Volto ao Ceará - Mirim com com olhos de menina, olhos de poeta e olhos de amor!

Peço licença à distinta platéia, para dedicar esta mensagem aos meus pais: Abel Antunes Pereira e Áurea Pacheco Pereira

Lúcia Helena Pereira

(1) Antoine de Saint-Exupéry - Do livro Terra dos Homens.
(2) Escritora.
Nota: Conferência ministrada em 2004, no Vale Verde do Ceará - Mirim / RN.