quarta-feira, 14 de março de 2012

CANTANDO EM BUENOS AIRES/ARGENTINA EM 1977, QUANDO ESCRITORAS ENGANARAM O GERENTE DE UMA BOITE E EU CANTEI O QUE NÃO SABIA E RECEBI CACHÊ.

LÚCIA HELENA EM 1977
São 8:05 e recebi, até agora, o nono telefonema de parabéns pelo Dia Nacional da Poesia. Telefonemas de vários lugares, assim como e-mails com belas mensagens que agradeço, penhoradamente.
É dia, também, de se parabenizar o Brasil pela ilustre figura do poeta baiano Castro Alves, nascido em 14 de março DE 1847.

Nessa foto, numa casa noturna em LA BOCA, na grande cidade de Buenos Aires (1977), entrei na agradável companhia de escritoras da AJEB/Pará, AJEB/SP, AJEB/RS (em maior número), AJEB/RS e AJEB/Rn (duas representantes).
Pela manhã, andando por uma infinidade de lojas, perdi minha carteira com dinheiro e cartão de crédito. Bom, a minha confreira gaúcha, Gisele Bueno Pinto logo falou: "Eu te cubro mana, vai telefonar e cancelar teu cartão, não vamos perder tempo nem alegria"...
De noite entramos em várias ruelas e vimos uma boite aconchegante. Santo Deus, como éramos uma 19 mulheres, nada notei, salvo quando um senhor arregalou os olhos e perguntou em espanhol bem devagar se eu era mesmo "a cantante brasiliena Ângela Maria e quanto queria de cachê para cantar"...
Antes de responder o que julguei um mal entendido, uma mão logo tapou-me a boca. Era uma companheira que já havia dito ao gerente da boite que eu cantava divinamente e me chamava Ângela Maria...e abria cada show cantando Babalu. Creio que fiquei ainda mais sem fôlego, afinal, à época eu era uma fumante incorrigível e não conseguia maiores tons de voz.
Mas tudo na vida tem que ter alguma explicação, e a querida escritora que "forjou" a situação, só desejava que eu recuperasse o dinheiro que perdi. E quanto agradeço esse gesto, ainda que intempestivo e hoje reconheço, sem maiores consequências.
A boite era bem interessante, como se ali também funcionasse uma galeria de arte. Haviam dois espaços tipo palcos: um para os shows e outro para dança. No palco que me foi destinado para cantar,ali, pela primeira vez (gostaram anto que repetiu-se na outra noite) observei as telas nas paredes e bem atrás de mim, a tela de um artista brasileiro (cujo nome não recordo) que, ali parado, naquela parede, mal sabe o quanto me dera energia ao ponto de me lembrar da letra e cantar BABALU. Deus do céu, aplausos e aplausos. Cantei outras coisas que não mais recordo e recebi o meu cachê por duas horas (com um intervalo apenas) como a grande artista brasileira - Ângela Maria - de quem sou fã incondicional e me lembro de papai e mamãe ouvirem, em tempos idos, ainda pelo rádio, aquelas jóias da MPB.
Isso para mim é pura poesia. A poesia do imprevisto que deixa uma saldo positivo. Mas, não foi só em Buenos Aires que cantei e ganhei uma graninha, voltando para Natal com um bom dinheiro.
Em Montevidéu, onde ficamos por quatro dias e tínhamos uma grande amiga e pianista lá morando - Suzanna Ratto - (que esteve em nossa Assembléia Geral Nacional em novembro de 1997, aqui em Natal, e fez um concerto maravilhoso, justo na Assembléia em que fiz uma homenagem à nossa Luiza Maria Dantas, outra premiada artista), vivemos momentos inesquecíveis e o dono do Hotel em que nos hospedamos (quando eu achar essa foto vou puxar essa página e inserí-la), sentiu enorme carinho por mim, sem qualquer outro interesse que não fosse simpatia. Ele me, dava tantos presentes maravilhosos deixando-me sem graça e alvo dos gracejos e picuinhas engraçadas das amigas, e da minha companheira de Natal, Gilda Moura brincava: "hum, a presidente (*) vai casar e quero ser a madrinha".
Na realidade, também cantei na boite desse Hotel e recebi um bom cachê, não como Ângela Maria, mas, como outras várias artistas da MPB.

Passei só para relembrar essa festa da alegria e da emoção neste dia da poesia. Afinal de contas, tudo acaba mesmo em poesia...é nela que me derreto e transformo em tudo que gosto e sinto!
Creio que sou uma garota de muita sorte!

Bom Dia Felicidade, Teu nome é Poesia!

(*) AJEB - Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - onde fui presidente regional e nacional por dez anos.

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