segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

UM SENHOR DE ENGENHO EM PLENO SÉCULO XXI - EDUARDO HENRIQUE GOMES DE CARVALHO.

Desde os séculos mais recuados, o Brasil, sobretudo na região Nordeste, recebeu a presença dos negros como mão de obra necessária aos trabalhos pesados. Com o ciclo da cana-de-açúcar essa presença fortificou-se e os negros chegavam ao Brasil através dos navios negreiros para servirem de "máquinas" humanas nos trabalhos rurais.
Eles tanto serviam nas casas dos senhores de engenhos, como nas plantações, na lavoura leve e onerosa, na plantação e colheita da cana-se-açúcar, como os primeiros cortadores de cana.
Mais perto do Séc. XX os engenhos foram se modernizando e ganhando belas arquiteturas e maquinário mais sofisticado e potente.
(foto da entrada do engenho Pituaçu/RN)
Mas, bem antes dos nossos avós, os carros-de-bois (influência dos portugueses) faziam o transporte da cana para os engenhos. Uma cena linda, hoje, mas antes, uma cena de servidão humana e animal!
O engenho de antigamente, com seu bueiro de fogo aceso em tempos de boa safra, a casa-grande, embora de aparência simples, guardava o "império" dos senhores de engenho com sua fartura, sua riqueza e prepotência!
(engenho Oiteiro)
A roda d´água que puxava água para os engenhos.
Oiteiro - foto da tela de Goreth Caldas
O NOVO SENHOR DE ENGENHO-
Eduardo Henrique Gomes de Carvalho
E não podia ser diferente: ele é escritor e dedicou-me essa página memorável. O fruto de uma prenhez feliz, realizada entre o anoitecer do ano velho e a madrugada de ano novo. Fusão de almas em ebulição de reminiscências!
OS "BARÕES" SENHORES DE ENGENHO DO SÉC. XXI
Lúcia Helena Pereira e Eduardo Gomes de Carvalho
Minha querida Lúcia Helena,


É com muita emoção que lhe escrevo para agradecer e parabenizá-la pelas matérias postadas, em 01/01/2012, em seus blogs - “Verde Vale” e “Outras e Outras”.
Para mim foi um prazer imenso ter lhe conhecido pessoalmente, através da nossa grande amiga comum - Violante Pimentel, nossa querida “Viola”.
Eu já lhe conhecia como escritora e poetisa, através do mundo virtual, e já admirava sua inteligência impar e sua sensibilidade aguçada, sempre presentes em tudo que escreve. Também não poderia ser diferente, uma vez que o talento literário lhe corre vivo nas veias, bastando para isso que se conheça a obra maravilhosa de Madalena Antunes (ainda hoje, para mim, uma inigualável narração de uma época extinta, mas que continua viva nos corações daqueles que amam o belo e o simples).
Portanto, repito: o prazer de conhecê-la foi todo meu! E ao ler o que você escreveu sobre nossas conversas ao som barulhento e maravilhoso da Super O’hara, pude constatar - ainda surpreso - sua incrível capacidade de transcrever fidedignamente todo o teor de uma conversa informal e ocorrida num ambiente que dificultava sobremaneira qualquer concentração. Conheço pouquíssimas pessoas capazes de tal proeza!
Ademais, não bastasse tal prova de concentração e capacidade intelectual, também me emocionei bastante com o carinho e esmero dispensados a mim, minha mãe e demais amigos presentes naquela festa. Contudo, sempre intuí que você era essa pessoa que floresce amizade, poesia e emoção.
Quanto à afinidade surgida entre nós, acredito - realmente - que advém de nossas raízes familiares, pois somente quem descende de uma família criada num engenho de açúcar nordestino, sabe o quanto esses valores emocionais, ligados à amizade verdadeira e despretensiosa, estão imortalizados no âmago da alma, tal qual uma confraria secreta que resiste aos séculos.
Portanto, nossa afinidade descende do cheiro do melaço; da força do açúcar preto; da aguardente pura e tomada, junto com os negros, nas “quengas” de cocos ainda na destilação do engenho; dos cheiros fortes e inebriantes nas safras de cajás, genipapos, cajus, mangas, araçás e tantas outras frutas que entranharam seus odores em nossas memórias...
Nossa saudade é semelhante porque reside num tempo onde o amor familiar se sobrepunha a qualquer outro tipo de sentimento, onde as famílias eram a célula mater naquele mundo lindo e lírico do engenho... Por isso temos a saudade preenchendo grande parte da nossa essência, ao contrário da grande maioria das pessoas da atualidade que se perdem perseguindo o volátil.
Aproveito a oportunidade para reforçar o convite de tê-la no nosso querido Pituaçú. Quero apresentá-lo a você e partilhar nuances quase extintos e fora de voga nesse mundo moderno, mas que você conhece e com certeza também aprecia. A nossa casa-grande estará de portas abertas para receber a neta de Madalena Antunes, como se estivesse voltando ao saudoso Oiteiro mais uma vez, com direito à antológica sombra do “Oitizeiro” e às brincadeiras da “Patica”.

Um abraço no seu coração!
Natal, 09 de janeiro de 2012.

Eduardo Henrique Gomes de Carvalho


Fonte das ilustrações books.google.com.br/books?isbn=8571772657.
Gibson Barbosa, Goreth Caldas e anderson Tavares

Um comentário:

  1. muito legal sua postagem sobre o trabalho de executado por africanos escravizados nos engenhos de produção de açúcar. gostei muito. Parabéns.

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