segunda-feira, 14 de maio de 2012

MEU PAI - ALFREDO MESQUITA FILHO - ARTIGO PUBLICADO NA TRIBUNA DO NORTE, 12-05-2012 - NA COLUNA: REFLETORES DA FAMA POR VALÉRIO ANDRADE.

ALFREDO MESQUITA FILHO

MEU PAI - ALFREDO MESQUITA FILHO
Valério Mesquita

Alfredo Mesquita Filho nasceu em Macaíba, a 23 de maio de 1901. Filho de Alfredo Adolfo Mesquita e Ana Olindina de Mesquita, fez os seus estudos preparatórios em Macaíba, Natal e Recife, quando cursava medicina, teve que retornar à Macaíba por motivo do falecimento do seu pai, ocorrido em 1929. Passou a se dedicar junto com os irmãos as tividades de comércio, agricultura e criação. Na sua infância, o desejo da família era vê-lo padre. Resistiu. Não foi para o seminário.

Em 1946, foi constituinte elegendo-se deputado estadual pela legenda PSD. Reelegeu-se em 1950 e 1954, exercendo nesses períodos diversos cargos e comissões. Já em 1958, candidatou-se novamente a prefeito vencendo as eleições, tendo sido este o seu último mandato eletivo, até, 1963. Como deputado estadual a ele se credita o esforço da vinda de inúmeras obras para os municípios que representava na Assembleia, tais como: Macaíba, São Gonçalo do Amarante, Bom Jesus, Serra Caiada (Presidente Juscelino), Caiada (Eloy de Souza), São Pedro, Ielmo Marinho entre outros. Não obstante seus quarenta anos de vida pública, trinta dos quais militou na oposição. Mesmo assim, conseguiu com os governos escolas e estradas, além de junto com todos os amigos da época haver experimentado o triunfo da implantação da Escola de Jundiaí e a construção da ponte da cidade de Macaíba.

Sobre essa obra há um episódio. A antiga ponte havia desabado. Como deputado pessedista cobrou do governo do estado (Dr. José Varela) a sua construção. Como o erário estadual não podia arcar com as despesas, teve que recorrer ao antigo Ministério de Obras e Viação, do governo federal. Entretanto, ao aguardar a resposta da bancada federal do seu partido, recebeu espontaneamente a ajuda do então deputado federal, Aluízio Alves, udenista que se prontificava a conseguir os recursos. Tal fato, no Rio Grande do Norte calcinado pelas brigas do PSD x UDN, em 1950, receber o auxílio de um udenista era um opróbrio.

Houve cenas de tumultos, pressão e rompimentos políticos. Mas, como Macaíba para Alfredo Mesquita era mais importante que os partidos, aceitou a ajuda, o dinheiro chegou e a ponte foi construída e até hoje está lá.

Em 1961, após a campanha de Djalma Marinho a quem ajudou por haver o PSD se fracionado para apoiar dois udenistas, vendeu a sua propriedade Uberaba, em Macaíba, por "treze mil contos" ao fazendeiro Adauto Rocha, a fim de poder pagar os compromissos da campanha.

As eleições de 1962, 1965, 1966 e 1968 quando, já doente, enfrentou sua última campanha política, testemunham a fidelidade do seu espírito partidário e sua dedicação exclusiva ao seu povo.

Na multiplicidade das atividades de homem público e agro-pecuarista desenvolvidas por Alfredo Mesquita Filho ao longo de sua vida, desponta a de maçom da Loja Filhos da Fé em Natal. O seu ingresso na Loja foi proposto em 06 de agosto de 1926 e aceito em 12 de setembro do mesmo ano, com idade, portanto, de 26 anos. Iniciado no mesmo mês tornou-se aprendiz em outubro, companheiro em janeiro de 1927 e mestre em fevereiro. Em 04 de maio de 1927 evoluiu para o grau 18, chegando a grau 30 (Cavalheiro de Cadoche) em 21 de março de 1939.

Nos anos vinte e trinta conviveram com Alfredo Mesquita na loja 21 de Março os seguintes macaibense ilustres: Luiz Curcio Marinho, comerciante e posteriormente prefeito de Macaíba; Torquato Justino de Souza, comerciante; Olimpio Jorge Maciel, empresário e comerciante, figura respeitável e querida da cidade; Almir Freire, ex-prefeito de Macaíba e filho do líder político Manoel Mauricio Freire; José Jorge Maciel, filho de Olimpio, médico e ex-prefeito de Macaíba nos anos cinquenta. Posteriormente, outros destacados macaibenses passaram igualmente pela Loja 21 de Março; José Pinto Freire, Asteclides Xavier Marinho, João Leiros Filho, Jose Lira da Silva, Cornélio Leite Filho, João Santiago de Oliveira, Pedro Cavalcante Sobrinho e Salustiano Cacho Neto.

Como líder político, maçom e católico comandou e conduziu inúmeras campanhas de ajuda humanitária em favor das pessoas desassistidas.

Esse era o traço principal de sua personalidade: a caridade. E ele, ao lado de outros companheiros, socorreram muitos lares pobres colocando, anonimamente, envelopes por baixo das portas, quando sabiam que uma família passava privações. Gesto raro. Difícil hoje em dia. O lado cristão que não podia ficar oculto, revelava-se sempre em todas as atividades que liderava.

No dia 12 de abril de 1969, pobre mas querido pelos humildes, morreu Alfredo Mesquita. Nesse dia sua cidade parou. Não para lhe dizer adeus, mas, para lhe garantir que ele e ela formariam naquele dia, mais do que qualquer tempo, um binômio inseparável: um pacto de identificação. Ele e ela. Abraçados, agora, para sempre.

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