UMA RESENHA DE ELSON MARTINS EM 2008
JUVENAL ANTUNES NUM DS SEUS PASSEIOS PELO RN EM 1937, "APORTANDO" NA LINDA PRAIA DE MURIÚ.
MARTINS, Elson. Poesia machucada. Disponível em: http://www2.uol.com.br/pagina20/26082007/almanacre.htm.Acessado em: 14/jul.2008.
POESIA MACHUCADA
Pequeno, magro e feio. O promotor e poeta Juvenal Antunes já nem se incomodava do perfil que lhe traçavam os que não conheciam sua alma.
De fato, o corpo desajeitado abrigava enorme inteligência e poesias que lhe faziam levitar. Mas somente Laura, musa e eterna amante, o tinha como príncipe encantado.
O poeta nasceu no dia 29 de abril de 1883 no engenho Outeiro, próximo à vila Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. Faleceu em 1941, a bordo de um navio que chegava a Manaus, no dia em que completava 58 anos de vida. Era filho do tenente coronel José Antunes de Oliveira e tinha três irmãos: Maria Madalena (escritora), Ezequiel (médico do Exército) e Etelvina Antunes (poetisa).
A sobrinha-neta Lúcia Helena Pereira (62), que vive em Natal, tornou-se sua biógrafa. Ela foi descoberta para o Acre pela novelista Glória Perez, que pesquisou para obter informações sobre o “poeta inolvidável” da minissérie Amazônia. Já está no prelo uma segunda edição revista e ampliada, do livro em que Lúcia Helena narra sobre a vida, as obras, o grande amor (Laura) e a morte de Juvenal.
Tenho conversado com a escritora via Internet. Ela gostaria que o governo acreano assumisse a edição e lançamento da biografia de Juvenal Antunes. Afinal, ele produziu o melhor de sua poesia em Rio Branco na década de trinta.
Embora tenha lançado apenas dois livros: “Cismas” (em 1909) e “Acreanas” (1922), o poeta deixou obra densa, grande parte em manuscritos enviados à irmã Madalena.
Recentemente, perguntei a Lúcia Helena como Juvenal teria reagido em vida, ao gesto do jovem Eyner José Andrade Almada Júnior, o Maromba Júnior, de 18 anos, que montou na estátua feita em sua homenagem, e em fevereiro publicou uma foto de proeza no Orkut, gerando polêmica que ainda está rolando, inclusive com a condenação do jornalista Altino Machado que publicou a bravata em seu blog:
Lúcia Helena respondeu:
- Ele amava tanto a juventude! Certamente o perdoaria.
Mas poderia também, penso eu, puxar a orelha do jovem “playboy” através de seus versos, como fez com um sobrinho que lhe escreveu uma carta de Ceará-Mirim (RN) cheia de erros e preconceitos, para “desacatar a inteligência do tio”
- como escreveu Lúcia Helena.
Na carta-poema resposta, escrita em 8 de julho de 1928, Juvenal diz em tom brincalhão:
Eu, Juiz, te trancaria na masmorra;
Que poeta, assim tão ruim, nas grades morra!
Violante da poesia, o santuário...
És um bandido, Abel, és um cicário!
És muitíssimo pior que o mais ladrão,
Mais bandido que o próprio Lampião!
Juvenal trocou as comodidades e prestígio do Solar dos Antunes em Ceará-Mirim, do qual chegou a ser herdeiro, pela vida boêmia no Acre. De certa forma, foi forçado a isso por um tio militar que considerava seu espírito anárquico e irreverente prejudicial à imagem da família em Natal. O militar o levou para Belém, mas de lá Juvenal escapou com a nomeação para o cargo de promotor de Sena Madureira. Em 1913, se transferiu para Rio Branco onde exerceu a função de secretário de Segurança Pública. E finalmente, permaneceu como promotor pago por exercícios findos, poeta e boêmio hóspede do Hotel Madrid, no segundo distrito.
A sobrinha-neta Lúcia Helena que aguarda notícias do presidente da Fundação Cultural, Daniel Zen, sobre a edição e lançamento de seu livro em Rio Branco, mandou-me de presente essa foto rara do tio-avô famoso, feita em 1937 durante um passeio de Juvenal à praia de Muriú, no Rio Grande do Norte.
Soube de uma notícia que me deixou por demais agradecido: O Jornalista Antonio Stélio, que nem era dos mais famosos do Acre, comparado com Garibaldi Carneiro Brasil e Elson Martins teve a heróica coragem de fazer a Biografia do Poeta Juvenal Antunes. Era triste dizer que os maiores poetas do Acre vivem no Anonimato, por contas da falta de coragem dos escritores e Jornalistas do Acre não se dignificarem em eternizá-los... Antonio Pinto do Areal Souto, que faleceu em 1961 no Rio; José de Inojoza Varejão, que faleceu assassinado no Paraná em 1930; O grande Maestro Mozart Donizzeti, que pôs a letra, pela 2ª vez no Hino Acreano e que faleceu pobre e quase à míngua em Cruzeiro do Sul em 1932; Juvenal Antunes de Oliveira, que faleceu de tristeza(tal qual o Coronel José Ferreira Lima do Seringal Bagaço, em Rio Branco em 1921 por contas da desvalorização da Borracha)em Manaus em 1941; José Ferreira Sobrinho que faleceu também em Manaus em 1944, por causas não explicadas. Esses grandes heróis da Poesia Acreana estão com quase um século no Anonimato - PARABÉNS STÈLIO - Que Deus te dê tua saúde. Nazareno Lima
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