terça-feira, 10 de dezembro de 2013

CRÔNICA DE GRACINHA BARBALHO - DIA 07 DE DEZEMBRO.


GRACINHA BARBALHO 
DIA 7 DE DEZEMBRO DE 2013

GRACINHA BARBALHO 

 Passados tantos anos as belas lembranças das novenas de Nossa Senhora da Conceição padroeira da minha terra Ceará-Mirim, me acalentaram a noite; por sinal uma noite de verão linda, com vento que soprava suave no patamar da igreja matriz e me desarrumava os cabelos e também minha pelerine. Era a última novena e a igreja estava cheinha de devotos crentes da Virgem Maria no que muito lembrei minha mãe quando me trazia pela mão a todas as novenas iniciadas no dia 28 de novembro estendidas até o dia 07 de dezembro com desfecho final e sacro no dia 08 com a procissão percorrendo as ruas da cidade, parando em alguns locais para reflexões de fé em Nossa Senhora da Conceição. Pela primeira vez na história de Ceará-Mirim uma academia de letras e artes toma parte no ritual da novena como “noiteira”, entre as demais representações locais. A Academia Cearamirinense de Letras e Artes Pedro Simões Neto, representada em sua maioria pelas filhas e filhos da terra assim como, os que a adotaram com sua segunda terra de nascença; a emoção se espraiou em todos os meus poros e as lembranças da família embriagou-me a alma com o cheiro do incenso e o repicar das sinetas. Percebi diferenças nos atos litúrgicos, nos cantos que vinham do coro, nas palmas dos fiés e demais ritos já não mais conhecidos por mim; ouvindo o padre oficiante rezando a novena de Nossa Senhora da Conceição em português acostumada que fui rezá-la em latim, entrei em duelo vocal, num mix de latim e português; que o diga minha amiga contemporânea do Colégio Santa Águeda Joventina Simões (Jojó), que ao meu lado estava; acredito que também se enlevou no processo. Entreolhávamos e ríamos quando o TANTUM ERGO nos fez retroceder no tempo e conseguimos cantar a primeira estrofe em latim. Santas recordações dos terços rezados no mês de maio em louvor a Maria Santíssima no velho Santa Águeda. Terminada a novena saímos em busca dos festejos fora da igreja que já aconteciam com grande participação popular. Por um lado as barracas de comes e bebes, um tanto diferentes das armadas em minha geração que ficavam em frente da igreja, com a banda de música tocando, muitos fogos de artifícios, balões, comidas típicas, os botequins, parque de diversões com seus brinquedos e a famosa “difusora” nos oferecendo músicas enviadas pelos nossos namoradinhos. Senti profundamente a falta da banda de música que na hora da elevação da hóstia tocava vibrantemente enlevando graças e vivas a Nossa Senhora da Conceição. Entretanto, me regozijei com o canto final da novena que por milagre ainda era o mesmo da minha infância e adolescência. 




 HINO Refrão

 Glória sempre a Virgem Santa
 Onde o puro amor se encerra 
Rosa branca o céu encanta 
 Padroeira dessa terra (bis)

 Nossa Senhora/Senhora Nossa
 Porta celeste de áureo fulgor
 A nossa terra, que é também vossa,
 Dai as delícias do vosso amor

 Excelsa Virgem da Conceição
 De olhos contritos para Jesus 
No céu pedindo com devoção
 Pelos que fogem de amar a cruz

 Nossa Senhora, linda Rainha 
 Lírio Sagrado, flor de Jessé 
Se a nossa crença frágil definha 
Fortalecei-a, dai-lhes mais fé.


Crônica de Gracinha Barbalho
 Natal, 10 de dezembro de 2013

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